terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Contratos cumpridos

Foi o ano.

Transformações. Encontros. Teatro. Diálogos. Família. Monólogos. Desencontros. Pedidos. Despedidas. Beijos. Madrinha. Lágrimas. Sonhos. Decepções. Livros. Dúvidas. Filmes. Doces. Cozinha. Amigos. Cinema. Vestido. Presentes. Vinho. Lilás. Agendas. Trabalho. Novo. Madrugada. Escola.

Com contratos cumpridos, vou seguir até 2010. Na última semana, uma pausa para atualizar os filmes vistos (vejam Abraços Partidos) e para ler o último livro (leiam Caminhos da Reportagem, dos meus amigos Deire Assis, Rogério Borges e Vinícius Sassine). E para estar, sobretudo, com quem eu amo...

Te encontro lá, em 2010!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

E o Natal chegou...

E o Natal chegou... É esta semana! As ruas estão movimentadas, as pessoas, invariavelmente, estão cheias de pacotes nas mãos, o almoço é mais gostoso, a agenda não tem folga e o coração, bem, o coração está entrando de fininho no clima de Natal. Fiz todos os deveres de casa para sentir o sininho batendo lá dentro, mas confesso que demorou, demorou muito. Achei até que tinha perdido completamente a mão e não haveria mais encanto na data.
Arrumei a árvore no começo do mês, reuni brinquedos para doação, comprei presentes (pela internet, é verdade, e tem muito menos graça), mandei fazer umas lembrancinhas, pesquisei receitas saborosas, visitei o Papai Noel no shopping (uma única vez para o Tomás não tentar puxar a barba dele de novo!), comprei e comi panetone e disse, aleatoriamente, para algumas pessoas que não verei mais este ano: "Feliz Natal!". Mas não colou de imediato. Eu estava correndo demais, trabalhando até de madrugada, vendo notícias horrorosas pela internet, me sentindo culpada invariavelmente pelas minhas ausências, sem tempo para minúcias e isso me deixou menos natalina do que costumo ser...
Mas, no final da semana, escrever uma carta de despedida, fazer uma surpresa para quem amo e sortear uns papeizinhos fizeram um click no meu coração! Estavam faltando estes momentos de entrega, de dizer "estou aqui, Papai Noel", de colocar no meu Natal a fé que tenho que 2010 será um ano melhor, assim como eu e você.
Então, se o Natal não chegou por aí, feche os olhos, pense em algo bacana, se prepare e deixe que ele chegue por aí... Você verá como vai ser bom. E se o Natal já chegou, que bom! Quero compartilhá-lo com você.
Se tiver um tempinho, volte no tempo e acesse: http://www.youtube.com/watch?v=Msyu_7tH9eI
Esta é a minha canção de Natal favorita e hoje amanheci cantarolando...

Feliz Natal!!!!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Ser de sagitário


Lá em casa tem um menino de sagitário e, como canta Adriana Calcanhoto, “metade gente, metade cavalo”. E ele é assim muito humano, como são “as gentes” e, elegante e livre, como deveriam ser os cavalos.

Nos seus sonhos de menino, “cavalga elegância”, sonha com o longe, constrói mundos imaginários e faz planos para outros finais de ano, quando não estarei mais por aqui. E, para ele, nada é impossível.

- Mãe, quando eu crescer, eu vou construir uma casa na lua e você vai morar nela!

É também o menino de sagitário, que nunca perde uma tirada, diz o que lhe dá na telha e não perde nunca a vontade de dizer o que pensa, a pessoa mais verdadeira que conheço.

- Mãe, mas é verdade. Eu não gosto disso.

Injuria-se com a mentira, com o tropeço, com o compromisso não cumprido. E com memória de poucos anos, ainda não gasta, se lembra, cobra e controla.

- Mãe, mas você disse que íamos sair hoje!

Fala mais do que todo mundo e, por isso, no seu “boletim” vem anotadas todas as conversas paralelas. A sua voz chega aos lugares antes que ele o faça e ele dá mais notícias do que o jornal da noite. E, ao menor sinal de desatenção, ele bate palmas e avisa:

- Mãe, você está me ouvindo?

O seu relógio é adiantado por natureza. O seu dia começa cedo, muito cedo. E se este dia for de folga, é mais cedo ainda.

- Mãe, hoje é sábado, eu tenho que aproveitar!

As suas amizades são para a vida toda. E os seus dedinhos ficam aflitos por ter de recontar os muitos que ele quer bem. Para ele, não existe colega, existe amigo e, pelos amigos, com quem ralha, briga e se desentende, ele sempre busca fazer o melhor.

- Mãe, eu não gosto muito de bolo de chocolate, mas meus amigos gostam. Então, faz um bolo de chocolate para eles.

O seu coração é doce, puro mel. E quando pequeno os seus olhos adoçavam só de olhar. E, talvez por isso, sempre foi dono de muitos amores, muito certeiros, cuja inspiração vai além do final feliz dos contos de fada.

- Mãe, ela me ama, vai casar comigo e vamos ter quatro filhos... Você sabe, mãe, de quem eu estou falando?

O seu convencimento não é vertical e nem muito fácil. Exige mais paciência do que seres adultos e bobões, como eu, são capazes de oferecer. Ele não aceita qualquer resposta ou se contenta com uma explicação banal. Ele quer compreender o mundo de onde ele acha que vem...

- Mãe, se o vovô é uma estrela de noite, de dia ele vira nuvem?

O seu amor pelo mundo também é intenso, como são seus diálogos com ele. Ele recolhe o lixo, adora as plantas, admira os prédios e as longas avenidas. Da engenharia que constrói a cidade em sua volta, ele tira explicações lógicas para quase tudo. Mas quando o mundo falha um pouco, ele se ressente com o seu dono...

- Mãe, mas por que Deus deixou cair tanta água? Não tem telha que dê conta disso tudo!

É também, neste mundo de números, cujas cifras o impressionam e regras nem sempre o beneficiam, que ele desenvolve mais o seu ar questionador. E se cada pergunta levantada por ele valesse um real, o menino de sagitário já seria rei.

- Mãe, se eu fosse prefeito, dinheiro não ia valer nada, nada mesmo.

Enquanto os números o seduzem, as classificações o deixam intrigado. Para ele, qualquer rótulo precisa bem mais do que explicação. E qualquer “lugar comum” é alvo de muitos questionamentos.

- Mãe, por que só as meninas ganham flores? Homens também gostam de flores, sabia?



É este ser de sagitário, que todo fim de ano “cruza o planetário”, que o “meu coração aguarda e acompanha” o seu rico itinerário há seis anos.



Na verdade, eu que sou mãe, filha, madrinha e afilhada de sagitarianos, me encanto todos os dias com a sabedoria, o senso de justiça e a praticidade destes seres nascidos entre novembro e dezembro.

As “pérolas” sagitarianas fazem parte da minha vida. O inconformismo, a persistência, a ansiedade, a inteligência, os ciúmes, a elegância e a liberdade destes seres me fascinam.

A coragem da minha mãe, o seu jeito de nunca se entregar, é quase que inato em meu filho. Não sei contar quantas vezes eu ouvi da minha mãe:

- Filha, se não tem jeito, a gente dá um jeito. Levanta os ombros e vamos seguindo!

Da minha madrinha, que é doce como é o Tomás, que até para puxar orelhas é gentil, a sabedoria sempre foi tão marcante.

- Minha querida, a resposta está dentro de você...

É da pequena Sofia, que hoje também aniversaria, a máxima explicação para o que vai nestes corações. A voz mais doce de todos os sagitarianos que me circulam, em certo momento me explicou um pouco da persistência deste seres.

- Luisa, mas minha mãe não entende. Eu não gosto daquele vestido. Eu gosto mesmo é deste aqui e a gente tem que vestir o que gosta!




• Para quem não conhece a música, segue o link: http://www.youtube.com/watch?v=o0pTnd0YUCY&feature=player_embedded#


• Hoje, 15 de dezembro, meu pequeno completa seis anos.







quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

À moda antiga



É só na semana que vem, mas antecipei em 13 dias, e na semana passada, o Tomás comemorou os esperados 6 anos durante a aula. Fizemos (eu, a vó e a dindinha) uma festa da forma mais tradicional, que lembrou um pouco a nossa infância, com direito a chapéu, língua de sogra, muito brigadeiro e um balão daqueles que derrama balas por todos os lados. A molecada adorou...
Tudo começou com um convite de dinossauro feito à mão com olhinhos que se mexiam. O tema decorou a lembrancinha das professoras, uma caixa recheada de brigadeiros feitos pela vovó, e a lembrancinha das crianças, uma lousa para exercitar a letra. Nesta parte, recebi a ajuda impagável da tia Deire, que ficou comigo até meia-noite fazendo laços. Na mesa, o bolo coberto de morangos escolhido pelo aniversariante, muitas balas e os dinossauros do Tomás para enfeitar. Depois dos parabéns, distribuímos laranjinhas e vixe!, foi um sucesso.
Ficou tudo lindo e a cara do rapaz... De vez em quando, a gente precisa mesmo dar moral  para a simplicidade, para os dias mornos, para o trivial.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Sobre o que os pais não podem ensinar


Como não dá para ficar uma semana toda borocoxô, segui adiante, organizando a festinha do pequeno na escola, fazendo as encomendas, cuidando da microcasa e trabalhando. No meio disso tudo, ainda tenho que educar, ensinar os valores importantes e dar muitos conselhos sobre o futuro. Foi em uma destas tentativas que aprendi que tem certas coisas pais não devem se meter a ensinar.


Têm umas três semanas que o Tomás coleciona uns bonequinhos nada haver chamados Gogo’s. É uma febre entre meninos e meninas. As pequenas miniaturas são vendidas em pacotes de dois e vêm acompanhados de figurinhas. Cada pacote custa R$ 1,50 e ele pode comprar até dois com a sua semanada. É claro que sempre tem um adulto mais afoito (no caso do Tomás, é a avó) que colabora para a coleção crescer mais rápido.

Os bonequinhos não têm mais de 3 cm de altura, são coloridos e possuem status diferentes: brilhantes, multicolors e normais. E as duas primeiras categorias são alvo da cobiça das crianças, porque são mais raras. O Tomás não entendeu isso de cara. Demorou a saber o que significava ter uma coleção, fazer trocas e guardar bem as suas preciosidades. Na primeira semana, ele fez pequenas doações. Quando cheguei à escola, a coleção que tinha 18 elementos tinha tido uma baixa de 2, doado aos amigos. Ele e os amigos estavam em polvorosa, enquanto eu perguntava o “por que” de não ter feito trocas. A mãe de uma coleguinha, que é pedagoga, chegou perto de mim e disse:

- Ah, Luisa! Eles estão tão felizes! Deixa que ele vai aprender.

Na semana seguinte, o sortudo que tinha seis bonequinhos multicolors voltou sem nenhum. Desta vez não tinha acontecido nenhuma doação. Foram trocas com um dos melhores amigos, o pequeno Oliveira, que de tão esperto dá nó em pingo d´água. Quando o Tomás chegou em casa, ficou meio cismado.

- Mãe, eu acho que eu fui meio burro...

- Que é isso, filho! Sua coleção está bonita, você ainda tem aquele que brilha no escuro e, na próxima semana, você faz mais trocas!

Chegou a semana seguinte e o Tomás já tinha quase 30 bonequinhos. Quando vou buscá-lo na escola, ele está com o maior bico. Os amigos tinham o bonequinho mais raro da coleção, o número 1. Ele não era multicolor, não era brilhante, mas os meninos tinham dito ao Tomás que este era o mais valioso. E nenhuma solicitação de troca do pequeno funcionou. As lágrimas escorriam, ele não se conformava de ser o único a não ter o boneco. E eu, de cá, pensando como ensinar que coleção é algo legal, que a gente se diverte, mas não pode ser motivo de choro.

- Filho, você tem tanto legais! Você ainda vai comprar outros e o primeiro irá aparecer!

- Mãe, mas só eu que não tenho. O Oliveira falou que não tem mais desse.

Choro para lá, palavras para cá e eu tive a ideia que não devia ter tido.

- Então, semana que vem, você chega lá e diz que o mais especial é o número 30, que este é o que todo mundo quer. Você vai ver como todos vão querer fazer trocas com você.

- Mãe, você quer que eu engane os meninos?

- Não, filho. De jeito nenhum, quero só que você faça bons negócios.

- Ah... Você quer que eu minta para eles!

- Não. Que é isso! É que você pode dizer que é especial o que você quiser. Ele é especial para você.

- Mãe, eu acho melhor a gente tentar achar o número 1 de outro jeito.

Eu também acho e fazer uma coleção tem sido um grande aprendizado para nós dois. Paciência, persistência e lábia não são virtudes familiares. Vamos ter que treinar juntos. E eu, de cá, vou treinar em dobro a paciência para ver o menino se virar sem tanta mediação.