segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sobre a maior dor do mundo




Nesta vida tenho sonhos, coragem e esperança, mas tenho medo. Ele é forte, terrível e incoerente. Amanhece e dorme comigo. Mas não tenho como combatê-lo. Ele é o preço que pago por ser mãe. É o preço que pago por viver um amor incondicional. É o preço que pago por ter um pedaço de mim vivendo fora do meu corpo, correndo, pulando e respirando. É o preço que pago pela felicidade de ser chamada de mamãe.

O meu medo se renova todos os dias com a presença de fantasmas que estampam capas de jornais, que inundam estatísticas, que arrasam famílias inteiras. São muitos os casos em que a ordem inversa da vida se torna a ordem vigente e filhos jovens partem antes da hora, deixando desamparados pais cheios de planos e sonhos.

Esta semana que passou os fantasmas rondaram meu sono. Um menino de 10 anos morreu em um acidente de trânsito deixando para trás pai, mãe e irmã. Um jovem de 18 anos foi manchete repetida na mídia depois de ser atropelado e morto de forma brutal. Um garoto de 14 anos é vítima de uma bala na garupa da moto dirigida pelo pai . Todos eram projetos acalentados de homens, todos levados embora pela violência.

E a nós, distantes dos dramas destas famílias, cabe observar o que há de mais terrível no mundo: a dor de perder um filho. A única palavra que me vem à cabeça é “arrasador”. Destruir, avassalar, assolar... Porque não existe um período de luto para quem perde um filho. Existe uma vida inteira sem o que mais amamos e isso não é compreensível. Há que se ter muita fé, muita coragem e a certeza de que se deu o melhor em todos os minutos, que se entregou sem medidas à tarefa de educar, que possibilitou muitos sorrisos e que há uma razão insondável para tudo isso.

Que Deus proteja nossos meninos. Que nossas cidades tenham muros invisíveis que garantam a segurança dos nossos pequenos. Que haja esperança o suficiente para que, quem vive este drama inexplicável, possa continuar... Porque a maior dor do mundo não é digna de ninguém, não é destino de ninguém, não é merecedora de ninguém.

*Imagem do Globo do pai debruçado sobre o corpo do filho, em Fortaleza

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