Já li Marx, Platão, Adorno e Horkheimer. Já sofri para apresentar trabalho sobre Decartes nas aulas distantes de filosofia. Mas hoje quem mais alimenta minha cuca é o meu pequeno pensador, Tomás, que vê a vida com uma experiência de outras prováveis vidas vividas.
Tudo começou com um diálogo sobre o futuro, que prende muito as atenções do menino. Na primeira aula de karatê, ele já queria saber o dia em que se tornaria um faixa preta. E assim é no dia-a-dia. Se estamos no domingo, ele já sofre pela segunda. Ele toma um sorvete, pensando na próxima bola. E não nega a mãe que tem, em uma ansiedade idêntica pelos dias que ainda estão por vir.
Mas, como educadora, precisei alertá-lo sobre os perigos de se viver no futuro e não dar a atenção devida ao tempo de agora. E pedi para que tratasse de viver os momentos “como nunca mais”. Então, ele me perguntou:
- Mamãe, no que você pensa mais? Passado, presente ou futuro?
Pausa para pensar. Eu penso mais no passado e no futuro, mas tive que mentir.
- No presente, filho. No que estamos vivendo agora. Mas penso também no nosso futuro, mas sem gastar tempo com isso.
- Eu penso mais no futuro, mãe. Porque o presente eu já estou vivendo e o passado é estranho.
- Como assim, filho?
- O passado é cada dia maior para uma memória cada dia menor. Então, eu vou me esquecendo de algumas coisas para dar lugar a outras. E ele fica lá, sem emoção, porque eu já senti tudo aquilo e agora não sinto mais. Para você, mãe, também é assim?
Para mim, o passado ainda é cheio de cor, ainda mais se tratando dele. O dia que nasceu, o primeiro passo, a ida para a escola, as descobertas... Mas nada se compara ao dia de hoje e ao que está por vir da cabeça deste meu filósofo de bolso.
Amando a humanidade
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Acho que ser homem, pai, marido, adulto do sexo masculino já foi mais
fácil, mas não tinha graça. Confinados em seus clubes, escritórios, saunas,
bordéis,...
Há 9 anos