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segunda-feira, 25 de abril de 2011

Obrigada, coelhinho da Páscoa!




Esta foi a sétima Páscoa do Tomás. Desde pequenino, ele participa das celebrações da data. Talvez por ele tenha nascido em família um pouco deste desejo de fantasiar e colorir estes dias com as tintas da esperança e do recomeço.

Na primeira Páscoa, ele recebeu um coelho de pelúcia, que o acompanhou por muitos anos da infância. Na segunda, já intolerante a lactose, foi uma ninhada de coelho de pano, de pelúcia, de tudo quanto é jeito para consolar a quase inconsolável dor de não se poder comer um pedacinho de chocolate.

Nos dois anos seguintes, me juntei a minha amiga Carla para encontrar soluções alternativas e de soja. Nos tornamos craques em lugares onde ovos eram feitos sem leite. Hoje a opção é bem mais acessível, porque o comércio se atentou rápido para esta fatia de mercado. E lá ia eu esconder ovo debaixo da cama, no caminho da sala e ver aquela cara sorridente diante das pegadinhas do coelho.

Foi com 5 anos que Tomás ganhou o seu primeiro ovo de chocolate de verdade. Sem excessos. Foi assim: só um ovo para um só menino, que se iniciava lentamente no mundo do chocolate. Nos últimos dois anos, vários ovos pularam no seu colo, mais pelos brinquedos do que pelo chocolate mesmo. Tento combater avisando aos adultos próximos que um é suficiente, mas o pequeno ganha pelo menos o dobro disso, porque só para começar, tem duas casas.

Manter vivo em sua fantasia um coelhinho que entrega ovos quando o mesmo já deixou até 9 exemplares em endereços diferentes para ele é um desafio complicado. Desconfiava que não passaríamos deste feriado sem ter que ouvir do menino a verdade sobre o coelhinho. Foram muitas as perguntas que antecederam os dias de folga sobre as origens da tradição e sobre o que realmente se celebra na Páscoa.

Mas no sábado, o burburinho da surpresa e as histórias de Páscoas passadas reacenderam nele toda a fé e a ternura de acreditar que determinadas coisas acontecem sem que a gente precise realizá-las. A casa dormiu com caminhos feitos de pequeninos ovos de chocolate que levavam até uma grande cesta onde se equilibravam os ovos reais e enormes. No espelho do corredor e no quadro negro, pedi ao namorado que usasse suas habilidades artísticas e desenhasse um coelho, mensageiro das boas novas de um domingo de renascimento.

Não eram 6h15 quando Tomás e minha enteada acenderam as luzes do quarto e alvoroçados seguiram a trilha de ovinhos espalhadas pelo apartamento. No espelho, eles escreveram mensagens de amor para o coelho e, de cá, me senti agradecida por ainda poder dar ao pequeno a magia de uma Páscoa, de um Natal. Ainda acho que este tipo de fantasia só traz alegria e dá às memórias da infância um sabor inesquecível de fé e amor.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Tradição I



Grávida do Tomás, eu ficava “mirabolando” tradições para a nossa pequena família, porque sempre acreditei que ter uma tradição é como solidificar laços. Acho bonito ver uma família que segue uma tradição.


Não reconhecia no meu núcleo familiar nada que tivesse o peso de uma tradição. Nossas festas de Natal são pequenas, quando criança, eu e minha irmã nos dividíamos entre pai e mãe para o Natal, o almoço de domingo não segue um cardápio tradicional, não vamos à missa todos os sábados e não temos mais um destino certo nas férias. Na busca por tradições, já comprei camisetas iguais para mim e para ele, tentei contar uma história todas as noites, ir ao parque nos domingos... Mas nada pegou, não virou tradição.


Agora, que o final de ano chega e começo a cumprir as minhas atividades festivas, percebo que a tradição estava ali e eu ainda não tinha visto. A primeira tradição começa com o aniversário do pequeno, nascido em dezembro. Desde o primeiro, eu faço os convites e preparo as lembrancinhas com a ajuda de uma amiga querida e a vovó e a dindinha fazem os doces. Se a festa é maior, uma legião de tias empresta as mãos para cumprir as tarefas. Quando entra novembro, ele já pergunta o que faremos neste ano. Sempre tem uma novidade. Neste ano, a comemoração será na escola, mas já começamos a festa cortando papéis em casa.


Em seguida, começam os preparativos do nosso amigo-secreto. Tem mais de dez anos que eu e um grupo de amigas nos reunimos para comemorar o Natal e o ano novo com o tradicional sorteio de papéis. O grupo mudou, cresceu e a festa continua em nosso calendário, em algum final de semana em dezembro ou janeiro. Desde 2003, o Tomás começou a participar da brincadeira, ainda na barriga. Ganhou de presente do amigo Igor um Taz bebê, que enfeitou seu primeiro quarto. De lá para cá, ele e os amigos se divertem com a troca de presentes e de papéis. E ele espera ansioso pelo dia em que saberá quem é “seu concorrente”. As opções não são muitas, porque eles são poucos, mas o pequeno se diverte sempre.


Na onda de tradições, temos nossa pequena árvore para o nosso cantinho lá em casa. É lá que amanhece o presente do Tomás no dia 25. O papai Noel passa na vovó, onde é a ceia no dia 24, mas sempre deixa algo na nossa casa e ele espera. A árvore é montada por nós dois, em meio às discussões, porque ele gosta de fazer tudo sozinho. Então, já tive carrinhos estacionados ao pé da árvore, cartinhas penduradas nos galhos, mas tudo muito colorido e feito por nós dois, em uma manhã qualquer de domingo.


Estas e outras tradições surgiram sem um planejamento maior. Foi o prazer de repetir certas vivências que estão concretizando os laços com quem amamos. E cada uma destas coisas torna a nossa vida mais doce e mais suave. E o gosto pela tradição passa então de mãe para filho. Dia desses, ainda no final de outubro, após o último recital do ano, fomos lanchar juntos depois da apresentação. Ele e os colegas já tinham programado o passeio dias antes, porque em outros momentos de comemoração escolar, fizemos o mesmo. Foi aí que o Tomás falou:



- Mãe, sair com os amigos depois do recital já é uma tradição, né? A gente vai fazer isso para sempre.



É, meu artista, esta é mais uma das nossas tradições, uma tentativa no meio de tantas de ser e fazer feliz. E que bom que nossas tradições não planejadas têm gosto de brigadeiro, segredo e batata frita.