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quinta-feira, 7 de abril de 2011

Por outro lado


Fiquei sem carro, no dia 29 de março, depois que uma motorista em fuga chocou o carro dela contra o meu. A falta de experiência e o nervosismo fizeram com que ela ultrapassasse em um cruzamento e arrebentasse a frente do meu carro. Depois dos gritos iniciais, ao perceber o filho a salvo e ninguém machucado, fomos ao proclames. Depois de três dias de resistência, entreguei o carro na seguradora. Pelo menos 15 dias para o conserto do veículo, que faz o leva e traz meu e do Tomás para casadavovó- trabalho1-trabalho2-escola-casa e outros.

Aí começou a novela. Lá em casa, só um carro. O namorado, a maior parte do tempo viajando. A irmã, mora longe e anda por outros cantos. O jeito é ajeitar, mesmo começando muito cedo e tendo poucos minutos entre um turno e outro de trabalho. Então, nos valemos de carona, hospedagem na casa da vovó, ônibus, táxi e moto-táxi. Além de algumas caminhadas para reduzir os gastos de favores e dinheiro.

Para todos os atropelos, inclusive um ônibus errado e uma correria para chegar na hora, Tomás dizia:
- Veja por um bom lado! Estamos fazendo exercício.

Depois de pegar uma carona e me desculpar sem graça, lá vem o menino:
- Veja por um bom lado! Você tem uma amiga.

Voltando da escola a pé, eu e Tomás avistamos este carrinho, que logo chamou a atenção do menino.
- Que bacana, mãe! Já pensou se tivesse um desse?
- Ia ser bacana, filho. Ele cabe em qualquer vaga...
- Se a gente não estivesse a pé, nunca teria visto este carro.
- Eu já tinha visto, filhote. Mas ele nem é tão bacana, não cabe a família toda!
- Ah, mãe... Mas é bem romântico.

Sim. Para tudo existe outro lado. Mas nem sempre temos olhos para ver...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O beijo



Seguidor ávido de Harry Potter, Tomás é capaz de assistir de trás para frente a coleção com seis volumes do bruxinho inglês, que ele completou no seu último aniversário. Para ele, é quase certeza que em algum lugar da Inglaterra existe uma escola de bruxos e é lá que ele gostaria de estudar. Então, nos últimos dias, as nossas conversas acabam sempre versando sobre o filme e daí o rendimento acaba sendo mágico.

- Mãe, o Harry Potter é conhecido em todos os países do mundo?


- Provavelmente, não. Porque alguns países têm sérias proibições quando o assunto é magia, guerra e até beijo.

- Como assim beijo, mãe?

- Tem lugares onde um homem e uma mulher não podem se beijar antes do casamento, filho, então o filme acaba sendo proibido por isso.

- Se no Brasil fosse assim, eu ia ter que me casar com muitas!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Um pouco confuso

Dia de chuva em Goiânia e enquanto nos dirigimos para o almoço na casa de amigos, falo com o namorado no telefone sobre a programação da tarde.

- Garfield, nem pensar...

Tomás, que ouvia a conversa, diz:

- Mãe, Garfield sim.

- Não, filho. Eu adoro ler Garfield, mas os filmes são horríveis.

- Mãe, você não respeita a "população" do Garfield.

- Ahn?!?

- É... Quis dizer que o filme do Garfield é muito bem mal feito.

(...)

- Mãe, acho que estou um pouco confuso hoje. O que quis dizer é que o Garfield faz sucesso e o filme é bom. Melhorou?

- Muito, filho. Mas como gosto muito do Garfield, em um dia de chuva assim, prefiro curtir uma preguiça. Ele aprovaria.

sábado, 4 de setembro de 2010

No cinema quando eu era criança

Os melhores por Luisa, ainda criança... estes me fazem viajar em sessões da tarde, em filas na porta do Cine Ritz e em férias cuja a grande diversão estava na telinha pequena ou grande. Naquela época, não se tinha tantas opções. Mas as opções existentes eram maravilhosas!




A Dama e o Vagabundo (1955)

É o clássico que mais gosto e é a cena mais romântica do cinema a divisão do macarrão entre os dois.



Peter Pan (1953)

Quem não quis ficar pequeno para sempre que atire a primeira pedra? E depois de remasterizado, a Sininho se tornou ainda mais perfeita e, como nunca fui muito afeita a princesas, esta seria uma fada-princesa favorita.

Esqueceram de mim – Perdido em Nova Iorque (1992)

Eu já não era tão criança assim, mas sonhei em passar um Natal em Nova Iorque. E este filme representa todos os outros de Natal que adoro.


Bernardo e Bianca (1997)

Dois ratinhos, um orfanato, muito choro e a certeza de que vale a pena ajudar os outros.


Dumbo (1941)

“Eu nunca vi um elefante voar”. Tem uma mãe que protege seu filho, tem um filho que aprende a voar sozinho, tem um rato inteligente e amigo e tem blues...


Saltimbanco Trapalhão (1981)

De novo a música... Chico Buarque encanta em uma trilha sonora que faz parte da minha infância. E Renato Aragão produz o melhor filme da carreira dos Trapalhões. Inesquecível!


ET (1982)

No original, com narração do Michael Jackon... e aqui com toda a ternura de uma menininha loira que não parava de falar e de um alienígena que voava em direção da Lua depois de dizer: “caaaaasaaaa!”.


História sem fim (1984)

Quem não quis entrar em um livro de história e voar como Falcon? A história de Atreio está disponível em DVD e ainda encanta os pequenos, apesar dos efeitos especiais ultrapassados.

O Mágico de Oz (1939)


Por falar em efeitos especiais, quem precisa deles se Judy Garland resolver cantar “Over the rainbow”. Eu não. Vejo todas as vezes, viajo para Oz, faço novos amigos e fico feliz. Aqui também está contemplado outro musical: Mary Poppins (1964).

Karatê Kid – A hora da verdade (1984)

Se o favorito do meu filho é a versão 2010, a minha é a de 84, que assisti repetidas vezes na sessão da tarde e representa todos os outros filmes desta época: De volta para o futuro, Indiana Jones, etc. Eu queria ser a Elizabeth Shue!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

No cinema com Luisa


Os melhores pela mãe do Tomás... estes são filmes que já vi adulta do lado do pequeno ou de outros pequenos que fazem parte da minha vida.

Wall-E (2008)


Me fez chorar no cinema em pensar que é isso aí... O que estamos fazendo com o planeta? E também com vontade de começar tudo de novo e ser a Eva de alguém.


Viagem de Chihiro (2001)

Eu e filho temos algumas coisas em comum. Ver uma menininha de 10 anos crescer diante das mudanças em um filme repleto de poesia, ação e mais bela ilustração japonesa sempre me faz ficar arrepiada. E se há algo no mundo que devemos temer é a perda das lembranças. Não somos nada sem elas.

Shrek (2001)

O primeiro e só ele. A história deste ogro que conquista a princesa e a história desta princesa que abre mão das riquezas e dos salamaleques para estar ao lado do homem que ama é conto da vida real. Eu quero este ogro para mim!

Procurando Nemo (2003)

O pai de Nemo está desesperado procurando por ele e eu me lembrei de tantos filhos que procuram por seus pais. Se fosse como nos filmes e com final feliz, ia ser bom ser o Nemo.

Toy Story 3 (2010)

No meu caso, o herói favorito é Woody, que dá um jeito de manter a sua família unida.

Ponte para Terabítia (2007)

Em caso de mudança inesperada, quero ir para Terabítia, onde amizades verdadeiras duram para sempre. Filme lindo sobre a amizade entre um menino e uma menina, que vivem o drama de ser diferente buscando solução na magia de uma amizade.


Tainá – Uma aventura na Amazônia (2000)

Eu tinha um afilhado pequeno e uma vontade enorme de estar ao lado dele... Foi a estréia dele em uma sala de cinema, em um filme brasileiro, cheio de ação e que me fez entender que sagitarianos ficam em pé vendo filme.

As Crônicas de Nárnia (2005)

O filme é lindo, cheio de metáforas e me lembra o meu trio: Tomás-Carol-Rogério!

Coraline (2009)

Uma menina que não se sente “tão amada assim” pelos pais é o pano de fundo de um filme que mistura terror e suspense de uma forma surpreendentemente infantil.

O Rei Leão (1994)

É Disney!!! Não podia faltar. O Simba representa aqui outros heróis: Bambi, Pinóquio e Branca de Neve. O negócio é superar e a Disney sabe como ninguém dar lições de superação. Esse filme eu já vi adulta, mas não consegui mostrar para o Tomás. Não tem em DVD!!!

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

No cinema com o Tomás


Serão 5 dias de folga para o pequeno (feriado e conselho de classe) e nos dias que antecedem um longo descanso resolvemos fazer a lista dos nossos filmes infantis favoritos. Foi muita discussão para chegar a uma lista de 10 para cada um de nós. Tentamos lembrar nomes antigos, de filmes vistos há tempos atrás, sentadinhos no sofá de casa.

No meu caso, foi mais difícil. Então, ganhei duas listas para contemplar os favoritos da criança e da adulta que adora filme de criança. Pode escolher um para ver ou rever, que a diversão é garantida. Os critérios de escolha foram emoção e boas lembranças. Para cortar, tivemos que ser injustos. O filhote, por exemplo, não quis nenhum que o fizesse chorar e tirou o Wall-E.

Para não ficar longo demais, dividi em três posts, que serão publicados até amanhã.


Primeiro, sempre os pequenos... E aqui, na lista, muitos filmes para maiores de 10 anos. Segurei o tanto que pude, mas percebi que ele queria algo mais e que dava conta deste algo mais. Para ele, neste filmes há mais lúdico do que olhos adultos podem ver.

Os melhores por Tomás...

Viagem à Chihiro (2001)


É o favorito do Tomás, por causa de um certo dragão que sai do rio e porque no final dá tudo certo. Foi feito antes dele nascer, mas um encontro na locadora garantiu uma apresentação encantadora.

Star Wars III – A vingança dos Sith (2005)

Aqui começa uma saga. Meu filho adora filmes que têm continuidade e nunca acha o primeiro o melhor. Este ele escolheu porque Anakim Skywalker (chamado por ele de Arakim) se transforma no temido vilão Darth Vader.

Harry Potter e o Enigma do Príncipe (2009)

Perto do final, o bruxo já é um adolescente e desconfio que o Tomás gosta muito disso.... Mas garantiu que a escolha por este e não pelo primeiro é porque finalmente alguns segredos são revelados. E não sou eu quem vou revelar quais, né?

Toy Story III (2010)

“Mãe, quem não gosta do Buzz?”... Acho que todo mundo gosta do Buzz e este filme enche os olhos de quem ainda vai crescer e não se imagina longe dos brinquedos e de quem já deixou os seus pelo caminho.


Alice no País das Maravilhas (2010)

Todo mundo esperava mais da versão de Tim Burton. Mas meu filho e me enteada ficaram muito satisfeitos e só queriam mesmo era um final feliz entre Alice e o Chapeleiro Maluco.

A Dama e o Vagabundo (1955)

“Mãe, este filme me lembra você...!”. E está lá na minha lista também.

Piratas do Caribe – O Baú da Morte (2006)

Ninguém no mundo gosta mais do Capitão Jack Sparrow do que o Tomás. E ele gosta deste em especial, porque o Jack está muito engraçado.

Indiana Jones e a Última Cruzada (1989)

Bastou um encontro com Harrison Ford para que o Tomás tirasse o chapéu e improvisasse um chicote. “Ele é o cara!”. Eu também achava...

Karatê Kid (2010)

Não adianta. O último é sempre o melhor. Mas tenho que concordar que o filme é tão lindo quanto a primeira versão.

Crônicas de Nárnia (2005)
Se você não foi à Nárnia. Vá agora... A entrada está dentro do armário e o Tomás queria ser o princípe Pedro a qualquer custo. Este é o único número 1 preferido pelo pequeno. Mas isso só até lançarem o 3.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Precioso: de extremo valor, valiosíssimo, importante




Determinadas profissões exigem das pessoas que se ocupam delas bem mais do que conhecimento técnico, vocação ou dedicação. Precisa que elas se habilitem a revelar, nos outros, o que há de mais precioso. Passei duas semanas digerindo o filme Preciosa – Uma História de Esperança, ganhador de dois Oscar, no último dia 7, e cuja passagem nos cinemas de Goiânia foi mais rápida do que deveria. Duro, seco, amargo, triste, mas cheio de esperança. Como pode? Não sei, porque também não sei como determinadas situações encontram soluções nesta vida.

Mas não quero falar aqui do roteirista agraciado com um Oscar pela adaptação do livro que deu origem à película. E sim da professora que recebe a personagem título do filme, Precious Jones, em sua sala, junto a outras seis ou sete meninas com problemas sociais e vítimas de crueldade nem sempre toleráveis.

Menina, negra, obesa, adolescente, analfabeta, vítima de violência sexual do pai e de violência física e moral da mãe, analfabeta, mãe adolescente e grávida de um segundo filho. Precious chega a escola, mas como a escola pode chegar até ela?



Aquela professora tem, à sua frente, um desafio incomum de ensinar a escrever meninas/mulheres, peritas em violência e conhecedoras das entranhas da vida. Escrever se torna um detalhe, é claro... Falar de si mesmas, se aceitar, ouvir e compreender são desafios diários, que têm à frente uma jovem mulher, que precisa manter os dois pés no chão para não sucumbir à loucura daquelas histórias que sentam à sua frente, em uma pequena sala especial. Não é para qualquer pessoa.

Conversando com uma amiga, Carla, que também é professora e temeu ver o filme pelo enredo demasiado cruel, ela me falou daquela mulher que ajuda Precious a abrir uma das muitas portas fechadas em sua vida:

- Eu queria ver só para entender como a professora faz. Como o enredo dá conta de explicar o que muitas professoras têm que fazer diariamente em suas salas, com crianças vítimas de violência, sem nenhum pudor ou discernimento moral do que é certo ou errado.

Foi aí que caiu a minha ficha de que o filme é bem maior do que o drama de Precious. Aquela professora não sucumbe à crueldade de uma garota que sobrevive sonhando, que não encontra lugar no mundo, ela abre a possibilidade para que ela se veja como pessoa, como ser humano. O que a educação faz por nossos filhos, ainda pequenos, mas que algumas muitas pessoas não têm acesso no nosso mundo.

Me lembrei da entrevista do jornalista Lourival Sant´Anna, quando retornou da cobertura recente do terremoto no Haiti. Ele diz, em determinado trecho, que para seguir adiante é preciso “deixar de ser humano”. Aquilo martelou em minha cabeça, dias seguidos, de que o “ser humano” em determinadas situações pode não te deixar cumprir a sua missão. Se a professora do filme pára e chora junto com a protagonista porque esta não tem para onde ir, não tem família, não tem socorro, ela deixa de cumprir o seu papel e a sua missão maior.

Sim, muitas vezes para cumprir nosso papel, a gente precisa mais do que tocar alguém, a gente precisa mesmo fazer com que a pessoa perceba o quão preciosa ela pode ser. Acho que, de formas distintas, a professora do filme consegue fazer isso por Precious, o diretor do filme consegue fazer isso por nós, que deixamos de lado certas humanidades para tocar nossa vida tacanha e o jornalista faz pelo povo do Haiti, que precisa expor a sua miséria para se compreender como precioso.

Em tempos, a atriz MoNique ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pela interpretação de uma mãe omissa e ausente, que permite o estupro da filha aos três anos de idade no filme Preciosa. A cena final, dela se justificando para uma transtornada assistente social, interpretada por Maria Carey, é brilhante e preciosa.

Para quem quer conhecer a experiência do repórter do Estadão, Lourival Sant´Anna, veja o vídeo completo em:

http://tv.estadao.com.br/videos,HAITI-HA-CENAS-QUE-NAO-CONSIGO-TIRAR-DA-CABECA,86257,0,0.htm

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Altas aventuras

Na minha saga para percorrer a lista de indicados ao Oscar de melhor filme em 2010, lá fui eu sentar-me ao lado do Tomás para assistir “Up – Altas Aventuras”, que por um destes erros de cálculo, ficou fora da nossa programação de 2009. E me deu uma pontinha de arrependimento por não ter visto aquela profusão de cores na telona. A Pixar conseguiu, depois do meu filme de cabeceira Wall-E, fazer um longa ainda mais lindo, ainda mais comovente. E eu, que esperava algo um pouco melancólico, me apaixonei por Carl Fredricksen, com seus 78 anos, e sua linda história de amor com Ellie.

Com a sala invadida pelo sol, foi difícil esconder as lágrimas caindo ao conhecer os sonhos de o viúvo aposentado foi deixando pelo caminho, mas também ecoou na sala as risadas do meu pequeno intrépido se encantando com as tentativas desastrosas de Russel em busca da sua última medalha de escoteiro. Ao final do filme, eu fiz o que a mãe de um amigo costumava fazer conosco na infância para ver se tinha restado algo da sessão cinematográfica tão rara e perguntei o que ele achou. Naquela época, filme de criança era mesmo de criança e nem tudo tinha um sentido tão amplo como agora.


- Achei “maneiro”, mãe... Eu queria ser escoteiro que nem aquele menino.

- Eu também gostei. Um filme sobre uma amizade, sobre um sonho.

- Não, mãe. Não é um filme sobre uma amizade. É um filme sobre várias amizades, porque ali ninguém deixa ninguém para trás. E quando a gente é amigo de verdade, nunca deixa o outro para trás, né? Nem que para isso tenha que sair voando amarrado em balões coloridos.

Bem longe dos robôs gigantes e assassinos, dos piratas aventureiros e dissimulados ou ainda de um menino mágico capaz de fazer tudo o que não fazemos, Up fala do que podemos fazer todos os dias uns pelos outros. Fala sobre reencontros com sonhos do passado, sobre o que realmente queríamos fazer, sobre o que somos.

Em uma das críticas que li na época do seu lançamento, a obra foi comparada ao trabalho do mestre Orson Welles em Cidadão Kane. "Eu não acredito que palavra alguma possa explicar a vida de um homem”. A máxima de Welles ganha vida com Carl Fredricksen em um filme bem mais colorido e digerível feito por adultos para encantar crianças e adultos. Está na minha lista de favoritos e ameaça desbancar a minha torcida tímida por Bastardos Inglórios até a próxima sessão.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Além do arco-íris...

Fiquei quatro dias fora. Foram oito ligações. Foram oito parênteses na saudade, como sempre são. Mas, em um destes parênteses, eis que a voz deste menino curioso que tanto se parece comigo me faz despencar para outra Luisa que um dia eu fui.

- Mãe, adivinha que personagem eu vou ser no recital da escola?

- Não sei, filho. Qual vai ser a peça?

- O Mágico de Oz. Adivinhou?

- Pela sua alegria... Acho que o Mágico.

- Isso! Não é incrível! Quando você voltar loca o filme para a gente ver juntos?

Sim. Eu loquei. E lá se foi o meu domingo em frente à televisão vendo o filme rodar em sépia para depois colorir, além do arco-íris. Me lembrei muito da menina que existia em mim e que acompanhava com olhos vidrados a décima exibição de Dorothy na sessão da tarde, enquanto imaginava fugas mágicas para as minhas tristezas infantis. Enquanto a música voltava na minha cabeça e as mãozinhas dele apertavam as minhas, ele me disse assim:

- Mãe, sabe do que eu mais gosto neste filme?

- Do mágico, claro!

- Não. É de quando ela diz assim: “Não existe melhor lugar no mundo do que a nossa casa!”

- É, também gosto muito desta parte.

- Mas bem que a gente podia morar atrás da lua.