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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Protesto


Estamos, eu e Tomás, em uma rotina atribulada de ir ao médico e fazer exames. Das agulhadas, Tomás tem pavor, mas também não gosta da sala de espera, pois o “filho, hoje temos que ir ao médico” significa menos tempo para brincar. Quando pequeno, o “tio Gusmão”, o pediatra que o viu nascer, lhe fazia graça com balões e pirulitos no final da consulta. Agora, é muito pouco para atraí-lo ao mundo dos jalecos e estetoscópios.


Quando anunciei, logo na segunda cedo, a programação da semana que inclui uma consulta na quinta, ele disse:

- Mãe, esta médica nova consegue colocar asas em crianças?

- Não, Tomás. Para quê você gostaria de asas?

- Para não chegar atrasado na escola. O trânsito no céu é bem melhor... E essa médica sabe fazer chover?

- Também não, filho. Médicos curam doenças.

- Pois a minha doença, mãe, é este calor.

- Isso se resolve com o tempo, filho.

- Mãe, não adianta de nada ir nestes médicos. Eles não resolvem minhas questões mais urgentes!


terça-feira, 15 de março de 2011

A teoria da esperteza


Diálogos insensatos são o que mais me divertem e me alimentam na relação com o Tomás. Sem querer, ele me coloca para pensar quando estamos longe ou quando seu corpinho adormece, enquanto eu continuo a zelar.


- Mãe, até que às vezes, os adultos são espertos.

- Você acha?

- Acho. Mas todas as vezes que eles são espertos é porque copiaram as crianças.

Segundo a teoria do Tomás, nós, seres autônomos, somos espertos quando inventamos uma desculpa para não ir ao trabalho como quando eles dissimulados pedem para não ir à aula, não nos importamos em nos molhar na chuva como eles, comemos um doce a mais depois do almoço como eles sempre gostam de fazer quando a vigia baixa a guarda, escorregamos a mão no pote de balas em noites sem culpas como eles tentam fazer todos os dias, deixamos a cama para arrumar depois como eles sempre pedem, mandamos avisar, no telefone, que estamos indisponíveis para cobranças e afins como eles fazem quando a gente liga para perguntar de uma tarefa ou obrigação ainda não cumprida ou  não comemos tudo que está no prato porque estamos de dieta e fugimos das comidas “tenebrosas” criadas por nós mesmos.

A teoria foi construída quando eu pedi ao meu namorado que ele e a filha enforquem a manhã de uma sexta-feira para ficarmos juntos. Eu, que estarei de folga, fui a esperta da vez porque criei uma boa desculpa para convencê-lo de meus argumentos e tornei possível um dia de branco ficar colorido.

- Eu nunca pensei, mãe, que você fosse capaz. Espertinha...

Vou concordar com o Tomás que, às vezes, para encarar o mundo adulto é preciso resgatar a criança que temos aqui dentro e ver algumas possibilidades que para olhares corrompidos pelo Capitão Gancho não são tão simples como deveriam ser.
Na próxima chuva, se jogue com tudo...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Levando palavras nas mãos



- Mãe, meu dente sangrou.

- O que foi desta vez, Tomás?

- Eu tava rezando.

- Você sempre está rezando e por isso vive com as pernas roxas, as costas lanhadas e por aí vai...

- Não, mãe, é que eu tava rezando quando a professora pediu para a gente abraçar a amiga do lado. Daí meu dente bateu na cabeça dela.

(...)

- Eu bem que disse que essas coisas só acontecem quando a gente tá rezando.

O dente amoleceu e caiu na semana seguinte, seguindo na verdade, a sua vocação.

xxxxx

Estávamos no quarto vendo antigas fotos, eu e minha mãe, quando o pequeno entra invadindo o espaço e agarra um vidro de perfume antigo e borrifa no seu 1,2 metros. (O perfume já foi o meu favorito, mas é muito forte e agora fica na casa materna, para dias sem opção). Foi espirro para tudo quanto é lado.

- Filho, por que você fez isso?

- A professora falou, mãe, que hoje vamos tirar foto e que era para todo mundo ir perfumado. Eu é que não vou sem perfume, né?

Ele ficou perfumado para fotos a semana toda.

xxxxxx

Dia desses sai com ele para resolver pendências no Centro e parei meus olhos em uma loja daquelas antigas com vários utensílios domésticos e está na minha lista comprar uma panelinha de ferro para fazer um brigadeiro. Fiquei namorando a dita quando disse:


- Preciso tanto comprar uma panela nova, filho.


- Mãe, você não sabe que panela velha é que faz comida boa?


Sobre este tópico, nada a declarar. (Será que meu filho fez alguma indireta?)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Brasileiros, mesmo longe de casa






Minha mãe foi criada rodeada de seis irmãos, no interior de Goiás, hoje estado de Tocantins. Naquela época não havia energia, nem televisão, mas o rádio era item indispensável para acompanhar as transformações da política brasileira e... do futebol. Sim. Rodeada por uma família onde homens estavam em maioria, minha mãe seguiu a tradição familiar e tomou gosto pelo futebol. Todos torcedores fanáticos do Botafogo por causa das façanhas de um Mané Garrincha, que tinha um pouco daquela família: ginga, sobrevivência e garra, muita garra. Em meados dos anos 50, o irmão mais velho de minha mãe, Hosterno Pereira, fundou o Botafogo de Porto Nacional, em homenagem ao time carioca, que nunca vira jogar ao vivo.

Já meu pai, nascido na fronteira com o Uruguai e criado nos pampas, se entendeu criança como gremista em uma família de torcedores do Internacional e brizolistas. Era do contra desde pequeno. Tão do contra que em vez de atacante, posição mais almejada em um time, tinha vocação para goleiro. Continuou assim, goleiro no futebol, e atacante na vida. A opção pelo time azul e branco lhe rendia piadas entre os irmãos, mas lhe dava orgulho a cada toque do hino gremista.

A paixão pelo futebol sempre foi coisa sagrada na família que os dois formaram. Assistir partida de lado de um ou de outro sempre exigiu silêncio. Acompanhar o sofrimento da minha mãe, que na hora H, sai da sala para não ver, é sempre uma penitência. Lembrar dos palavrões que saíam da boca do meu pai, um homem contido, é até engraçado.

Em 1974 e em 1978, meus pais assistiram a participação do futebol brasileiro na Copa bem longe de casa. Para se arranjarem no frio belga e não perder nenhum lance da seleção canarinho, em 74, se juntaram a outros dois casais de exilados e faziam visitas programadas ao apartamento de um casal de belgas, solidários à paixão dos brasileiros. Em 78, eles fizeram uma vaquinha entre brasileiros, chilenos e argentinos para alugar uma televisão, item que não fazia parte da realidade dos exilados destes Países. Ela foi colocada em uma casa de apoio aos latinos americanos, onde eles se revezavam para anotar os resultados das partidas. Os argentinos, em um primeiro momento, foram contra. Queriam se rebelar contra a pátria, que os havia banido, mas que foi campeã em 1978. Mas, depois de alguns diálogos, mesmo banidos, chegaram a conclusão que mantinham dentro de si a pátria, porque esta mora dentro do nosso peito, me ensinaria mais tarde minha mãe.

Assistiram a cada lance dos jogos entre gritos e afobações. No cardápio, muita feijoada, saudade e caipirinha da boa. As derrotas soaram amargas com um virtuoso Maradona fazendo arte com os pés. Que saudades de casa! Minha mãe dizia que ouvir o hino, fora da pátria, era momento de oração para cada brasileiro que se encontrava ali. O sonho: voltar para casa. O projeto: fazer a casa voltar a ser uma pátria democrática.



Nestes dias em que nos preparamos para mais um campeonato, discutimos com o gaúcho Dunga, conterrâneo do meu pai, a quem ele tinha extrema admiração. É a primeira Copa sem meu pai por aqui. Meu filho coleciona figurinhas em um álbum que escalou o time antes do técnico. Minha mãe checa os horários para não marcar nenhum médico no horário dos jogos e reclama da ausência dos meninos da Vila no time. Chego em casa e os dois me entregam uma bandeira brasileira.

- Para colocar no carro, mãe!

- Claro, filho!

Quando damos a primeira volta com a verde e amarela tremulando no vento das ruas, o Tomás diz:

- Mãe, você consegue sentir uma coisa diferente no seu peito?

- O que, filho?

- Um amor, mãe.

- Amor?

- Um amor por ser brasileiro.

Sim. Ele está aqui, na pátria e sabe que ela não é um espaço geográfico, é um sentimento cultivado dentro do peito.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Sapatinhos de cristal

Era para eu ser a Cinderela e calçar os sapatinhos de cristal que me coubessem na noite do baile, mas por uma destas piadas, nasci com os pés maiores e com muito mais savoir-faire do que o necessário à tarefa de princesa. Foi aí que o conto de fadas desandou e tive que achar um outro roteiro para minha vida.


Antes de achar, sem páginas escritas, sem saber as respostas certas, me senti tentada com o glamour do reinado. Então, não foram poucas as vezes que tentei colocar os sapatinhos, aqueles que o príncipe trouxe para a Cinderela. Sapatos apertados e delicados me fizeram tropeçar e me perder, sabe-se lá onde.

Na hora que tirei os sapatos, ai que alívio! Respirei e pensei que andar descalça é bem melhor. Mas para onde ir? Não vou atrás do príncipe, não quero beijar (ou engolir) nenhum sapo, não estou fugindo da madrasta, não quero dançar a valsa do debut do meu filho, não quero ser prendada, não quero ter uma agenda high society.

O roteiro começou a ser escrito assim que tirei os sapatos. Olhar para o espelho, sem fazer perguntas tolas, e dizer quem eu sou, o que eu quero, como eu vou. Os sapatinhos largados embaixo da pia diziam tudo que eu não era, do meu desejo de agradar só a quem eu desejo e de aceitar que, vez ou outra, desagrado. Me sentir inteira, viver muitas histórias, ser feliz, ser triste, ser acolhida nos meus erros e ser admirada nos meus acertos dizem um pouco do que eu sou.


Sem os sapatos de cristal, descalça, sem projetos românticos tradicionais, mas com o desejo de dividir com alguém mais do que alguns cômodos, eu fui moldando um roteiro para viver a vida mais do que medianamente. Se dará certo? Não sei. Finais felizes são para contos de fada. Para mim, quero muitos finais e todos de verdade.

Música para inspirar o post:

quarta-feira, 10 de março de 2010

Lá na Praça de Maio…

Quando eu for à Buenos Aires, irei visitar a Praça de Maio. Vou sentar lá e observar as avós que tomaram conta do lugar e vou pensar no que vivi desde 1977, quando nasci e quando elas se instalaram por lá. E vou pensar que quando eu fui a primeira vez à escola e minha mãe se emocionou ao me ver vestida com meu uniforme amarelo, outras 500 crianças, nascidas naquele mesmo período, estavam indo à escola também, de mãos dadas, com quem tirou delas o direito à verdade e à identidade.

Este ano, as avós da Praça de Maio da Argentina encontraram o centésimo neto desaparecido entre os anos de 1977 e 1983, durante a ditadura militar instalada naquele País. Francisco Madariaga Quintela, filho de Silvia Monica Quintela e Abel Pedro Madariaga, ambos militantes de uma organização guerrilheira, reencontrou seu pai, depois de 33 anos de vida. Reencontrou, como disse,com sua vida, com o seu passado.

Francisco viveu 33 anos com uma mentira e com vários mentirosos. Francisco se chamava Alejandro, morava com o pai militar e a mãe dona de casa e com os irmãos. Francisco não se sentia em casa, não se sentia à vontade na própria pele, não se sentia completo.

Abel perdeu Silvia, em 1977, morta depois do nascimento do seu primogênito. Abel foi exilado e voltou ao País só em 1983. Abel procurou o filho, procurou seu pedaço, procuro preencher um vazio que não lhe era tolerável.

Mas foram precisos mais de 30 anos para que se reencontrassem. Quando Francisco e Abel se abraçaram, o filho disse ao pai: eles não podiam! É. Eles não podiam. Eles não podiam tirar um filho dos seus pais, tirar uma filha de sua mãe, tirar o futuro de uma jovem médica, tirar o amor de um homem por uma mulher.

Quando eu for a Argentina, eu não irei ver nem Francisco, nem Abel, mas ficarei feliz por saber que, no País vizinho, crimes de sequestro não prescrevem, avós não desistem nunca e reencontros são sempre possíveis. Porque, às vezes, me aniquila saber que pais não reencontram seus filhos, que alguns crimes deixam de ser penalizados e que, por força da ocasião, algumas pessoas simplesmente desistem.



P.S. Voltarei a contar as histórias do pequeno, nos próximos dias, assim que a melancolia sair deste corpo. E assim que a voz, o olfato e o paladar voltarem a este corpo.

P.S. 2 Fotos das avós na Praça de Maio e de Sílvia, antes do seu desaparecimento.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Eu quero a verdade


Acho que tem dez anos que sou usuária da internet. De lá para cá não foram poucas vezes em que digitei no Google os nomes dos meus pais. Os resultados não são muitos, mas dão pequenos indícios da história da minha família, dos anos que nos foram roubados, do que perdi, do lugar que eu nasci e do muito que eles sonharam por mim. Nos livros e nos filmes, uma ou outra imagem constrói outro pedaço, falam de amigos ou deles mesmos, falam de pessoas anônimas, que não sei quem são. Uma conversa em voz baixa entre minha mãe e um tio querido revela outro trecho já quase esquecido. E minha imaginação, durante muitos anos, construiu o resto da história, que é como um quebra-cabeça cujas partes não se emendam. Só que neste caso o buraco causa mais do que o transtorno de um jogo inacabado. É um buraco de verdades que nunca são encontradas.


Explico: meus pais foram exilados políticos, se conheceram longe de casa e viveram por anos fora do Brasil e ao voltarem para cá silenciaram suas dores e guardaram suas memórias para se sentirem seguros. Eu nasci neste período, em Bruxelas, e, por isso, ganhei na certidão o nome de um país que não me pertence, não conheci meu avô paterno, perdi meu pai para o sofrimento, tive medo de dizer a verdade sobre o que meus pais poderiam ser, tive muitos pesadelos pelo que eles viveram e não sei se o tamanho da minha gratidão por eles é suficiente.

Durante o processo para indenização na Comissão de Anistia, no começo da última década, meu pai já tinha perdido a força e a memória, e eu e minha mãe precisamos recontar a sua história. Consultei vários documentos virtuais ou não em busca de uma só coisa: a verdade. A verdade que não estava no meu livro, na sétima série. Muitas partes ficaram faltando, outras foram recontadas por poucos amigos ainda vivos ou foram lembradas pela minha mãe. Mas eu não tenho em mãos a acusação que o condenou à prisão, não sei o que ele passou na prisão, não sei o nome de quem o fez sofrer. Só o que consta, oficialmente, é que em 1971, ele foi exilado junto a outros 69 prisioneiros, que ganharam o direito só de ida para o Chile. No ano seguinte, minha mãe também deixou o Brasil, em um vôo solo, rumo a uma pretensa liberdade que não a alcançou no país chileno às vésperas de um golpe militar.



Agora uma nova lei pode me fornecer as peças que faltam ao quebra-cabeça da minha história. Foi publicado ontem, no Diário Oficial da União, o novo decreto que estabelece o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos e a polêmica Comissão da Verdade, que desagradou à área militar do governo Lula em sua primeira publicação, em dezembro, atende a uma demanda antiga deste País: de saber o que aconteceu, quem praticou e onde. O texto, já modificado para atender a cúpula de generais, fala em “identificar e tornar públicas as estruturas utilizadas para a prática de violações de Direitos Humanos, suas ramificações nos diversos aparelhos do Estado e em outras instâncias da sociedade”. Anteriormente, o mesmo texto falava em “violações de Direitos Humanos, no contexto da repressão política”, ou seja, os atingiam diretamente e, com a mudança, atinge a todos os grupos que usaram de violência. O fato é que uns usaram violência para reprimir e outros usaram para libertar. Há, nestes dois lados, uma grande diferença: a legitimidade.


A Comissão da Verdade foi criada para apurar os excessos praticados no período e tornar públicos os casos de tortura, estupro e assassinato em prol da ditadura e também promoverá a revogação de todas as leis que violam direitos humanos, feitas de 1964 até 1985. Em tese, isso inclui a Lei de Anistia, de 1979, que garantiu o retorno de tantos brasileiros exilados ao País, mas que mal interpretada, permitiu que torturadores e assassinos não fossem julgados. A anistia instituída naquela lei era só para as vítimas, mas foi usada sabiamente também pelos algozes. Com esta ou com uma nova lei, cabe aos governantes cumprirem a vocação democrática do Brasil.

Muitas pessoas acham que tal discussão não cabe mais, que os anos passados já se foram, que isso macula a imagem do exército brasileiro, mas não percebem que o País não pode ficar com esta conta aberta e que isso mancha a nossa democracia. Alguns grupos se acovardam e temem ver os seus nomes expostos nos arquivos que serão abertos e reconstruirão os fatos a partir de 1964, sem considerar apenas os nomes dos ditadores que ocuparam o principal posto do País, mas também daqueles que foram coniventes e executaram suas ordens. Se não haverá um julgamento pela justiça comum, a gente precisa pelo menos fazer um julgamento moral destas pessoas e isso não interfere no papel que o exército brasileiro desempenha hoje. Países como Chile e Argentina á escancaram os anos obscuros de sua história e no Brasil, não pode ser diferente. Há de se compreender que ao não julgar os fatos ocorridos durante a ditadura militar, fragilizamos a nossa democracia.

A pressão política continuará para que o decreto não vire lei. Em uma carta ao presidente Lula, o arcebispo de São Paulo, D. Paulo Evaristo Arns e outras importantes personalidades na luta pelos direitos humanos, escreveram: "Não pode ser chamada de revanchista uma proposta que se limita a jogar luz sobre as violências praticadas nos porões da repressão política", afirmam. "Os povos que se recusam a aprender com seus próprios erros estão condenados a repeti-los. É do futuro que estamos falando." E é, neste futuro, que eu quero que meu filho saiba o que aconteceu e como aconteceu no seu livro de história, da sétima série. Eu não quero revanche. Eu quero a verdade.



* Foto dos setenta presos liberados após o seqüestro do embaixador suíço, Giovanni Burcher, em 13 de janeiro de 1971, no vôo rumo ao Chile


*Foto da escultura Truth and Falsehood


Alfred Stevens (1817-1876)/ Victoria & Albert Museum, London