Diálogos insensatos são o que mais me divertem e me alimentam na relação com o Tomás. Sem querer, ele me coloca para pensar quando estamos longe ou quando seu corpinho adormece, enquanto eu continuo a zelar.
- Mãe, até que às vezes, os adultos são espertos.
- Você acha?
- Acho. Mas todas as vezes que eles são espertos é porque copiaram as crianças.
Segundo a teoria do Tomás, nós, seres autônomos, somos espertos quando inventamos uma desculpa para não ir ao trabalho como quando eles dissimulados pedem para não ir à aula, não nos importamos em nos molhar na chuva como eles, comemos um doce a mais depois do almoço como eles sempre gostam de fazer quando a vigia baixa a guarda, escorregamos a mão no pote de balas em noites sem culpas como eles tentam fazer todos os dias, deixamos a cama para arrumar depois como eles sempre pedem, mandamos avisar, no telefone, que estamos indisponíveis para cobranças e afins como eles fazem quando a gente liga para perguntar de uma tarefa ou obrigação ainda não cumprida ou não comemos tudo que está no prato porque estamos de dieta e fugimos das comidas “tenebrosas” criadas por nós mesmos.
A teoria foi construída quando eu pedi ao meu namorado que ele e a filha enforquem a manhã de uma sexta-feira para ficarmos juntos. Eu, que estarei de folga, fui a esperta da vez porque criei uma boa desculpa para convencê-lo de meus argumentos e tornei possível um dia de branco ficar colorido.
- Eu nunca pensei, mãe, que você fosse capaz. Espertinha...
Vou concordar com o Tomás que, às vezes, para encarar o mundo adulto é preciso resgatar a criança que temos aqui dentro e ver algumas possibilidades que para olhares corrompidos pelo Capitão Gancho não são tão simples como deveriam ser.
Na próxima chuva, se jogue com tudo...
Como queria ser mais criança para ser mais esperto e não sentir culpa de ser tão irresponsável nesta sexta.
ResponderExcluirE eu sempre impressionada com a esperteza e a sensibilidade de Tomás. Vou apostar na próxima chuva...
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