Mostrando postagens com marcador trânsito. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador trânsito. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Meu pequeno enxadrista




Tomás estuda xadrez desde o ano passado. Dizem que é bom para o raciocínio e para que ele se desenvolva na matemática. Eu achava que seria bom para a sua concentração. E ele achou que ia ser bom para ganhar em algumas partidas travadas com minha enteada.

Depois de 12 meses estudando, incluindo a australiana e o que mais o tabuleiro lhe oferece, o garoto mostrou que tem pegada no jogo. Já me ensinou que preciso olhar “o tabuleiro como um todo, mamãe” e que “rei posto é rei morto”.

Mas nada de se concentrar. O seu dedicado professor ainda se impressiona com a capacidade dele jogar e prestar atenção na conversa, lanchar e dar um cheque-mate ou ainda se manter lá e na quadra só para “dar uma espiadinha no jogo dos meninos”, enquanto “bebe água”.

Agora a perspicácia e o senso críticos se apuraram e muito em um ano. Dos seis para os sete, Tomás se tornou enxadrista ainda não exímio e piadista bem dotado.

Hoje, deixando minha enteada na escola, o engarrafamento de carros parecia não ter fim assim com a semana recém-começada. Enquanto esperávamos os “educados” pais saírem da fila dupla, ele disse:

- Nossa! Aqui está tão cheio que até parece um campeonato de xadrez.

- Não entendi, Tomás. (Às 7 da matina, eu ando entendendo pouca coisa).

- Fiz uma piada, mamãe. Um campeonato de xadrez é bem paradinho. Só dá eu e mais meia dúzia. Aqui está mais para final de campeonato, de futebol.

Bom, esta foi a lição do dia. Em vez de estar na porta da escola enfrentando um engarrafamento e a péssima educação de alguns, eu preferia estar com a meia dúzia do campeonato de xadrez. E Tomás está aprendendo com o tabuleiro a prestar atenção, do jeito dele, na cidade que nos acolhe e engole ao mesmo tempo.


quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O que você faz quando não acha uma vaga?



Se dirigir está difícil, estacionar está um pouco mais. Com um número de veículos cada vez maior no trânsito, na hora de parar, a disputa por um espacinho para encaixar o carro é motivo de muita dor de cabeça. Para não perder a hora no trabalho ou na escola, é preciso se antecipar em minutos, porque para achar a tão sonhada vaguinha serão necessários minutos à mais dando voltas na quadra ou olhando fila por fila no estacionamento.

E quando você está na hora daquele cinema ou do casamento do melhor amigo, aqueles minutos passam a ser preciosos e o momento de folga inclui o desprazer de lutar por uma vaga. Aí a gente fica sabendo quem é o motorista da frente e o que ele é capaz de fazer para estacionar o seu carro... E isso faz uma enorme diferença.

Quantas vezes no shopping, naquele dia mais que infernal, você dá a seta para entrar na vaga que será desocupada e antes que você consiga fazer uma manobra, alguém que se diz mais esperto arranca e ocupa sem olhar para trás o lugar que seria seu? Ou na escola do seu filho, no espaço reservado para desembarque, um pai mais espertinho estaciona e por lá fica atrapalhando uma via de acesso rápido a ser usada por todos?

Aí tem quem estaciona em local expressamente proibido, em frente à garagem da sua casa, no espaço destinado às motos, na vaga exclusiva de um comércio, etc. Exemplos de falta de cidadania que irritam quem tenta seguir a lei e respeitar o direito do outro. Mas o que mais me incomoda e me deixa envergonhada é o motorista que estaciona na vaga destinada ao deficiente físico ou ainda o desinformado que coloca o seu carro na lateral desta vaga, onde fica o chão é marcado para o desembarque de um cadeirante.

Isso é muito comum na escola que meu filho frequenta, onde das prováveis 50 vagas, apenas duas são destinadas aos cadeirantes e ficam próximas à faixa de pedestre e ao portão de embarque por motivos óbvios. Mesmo na minha corrida hora de almoço, nunca tive coragem de dar “só aquela paradinha” naquelas vagas. Estaciono bem longe da entrada, na maioria dos dias, e quando carregando a mochila e a lancheira tendo o sol e o filho como companheiros, eu vejo a vaga especial com um carro sem adesivo parado por lá, me dá um nó na garganta.

Muitas vezes a pessoa não estaciona na vaga em si, mas ao lado dela, onde aconteceria o desembarque do aluno ou do pai com necessidades especiais. E muitas destas vezes eu conheço o motorista e fico morrendo de “vergonha alheia”. É que a gente faz um discurso e executa, na prática, muito pouco. Respeitar o outro significa, muitas vezes, nos sacrificar. Abrir mão de algum conforto. Esperar mais um pouco. Ter paciência redobrada.

Então, na próxima vez que você for estacionar, lembre-se que a vaga que você escolher e a forma como você vai chegar a ela diz um pouco de quem você é e, principalmente, como você se sente em relação aos outros.