Fiquei quatro dias fora. Foram oito ligações. Foram oito parênteses na saudade, como sempre são. Mas, em um destes parênteses, eis que a voz deste menino curioso que tanto se parece comigo me faz despencar para outra Luisa que um dia eu fui.
- Mãe, adivinha que personagem eu vou ser no recital da escola?
- Não sei, filho. Qual vai ser a peça?
- O Mágico de Oz. Adivinhou?
- Pela sua alegria... Acho que o Mágico.
- Isso! Não é incrível! Quando você voltar loca o filme para a gente ver juntos?
Sim. Eu loquei. E lá se foi o meu domingo em frente à televisão vendo o filme rodar em sépia para depois colorir, além do arco-íris. Me lembrei muito da menina que existia em mim e que acompanhava com olhos vidrados a décima exibição de Dorothy na sessão da tarde, enquanto imaginava fugas mágicas para as minhas tristezas infantis. Enquanto a música voltava na minha cabeça e as mãozinhas dele apertavam as minhas, ele me disse assim:
- Mãe, sabe do que eu mais gosto neste filme?
- Do mágico, claro!
- Não. É de quando ela diz assim: “Não existe melhor lugar no mundo do que a nossa casa!”
- É, também gosto muito desta parte.
- Mas bem que a gente podia morar atrás da lua.
Amando a humanidade
-
Acho que ser homem, pai, marido, adulto do sexo masculino já foi mais
fácil, mas não tinha graça. Confinados em seus clubes, escritórios, saunas,
bordéis,...
Há 10 anos
atrás da lua? que delícia de lugar pra morar.
ResponderExcluirparou pra pensar no qto vc tá lembrando da menina luisa esses dias???
Luisa, eu já fui o leão! Num tempo onde somente o personagem era covarde e o arco-íris era um lugar onde os sonhos que eu ousava sonhar poderiam se realizar.
ResponderExcluirVoltemos a ser crianças.
Beijos.
Não tinha escolha mais acertada. O Tomás é um mágico!
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