Fiquei sem carro, no dia 29 de março, depois que uma motorista em fuga chocou o carro dela contra o meu. A falta de experiência e o nervosismo fizeram com que ela ultrapassasse em um cruzamento e arrebentasse a frente do meu carro. Depois dos gritos iniciais, ao perceber o filho a salvo e ninguém machucado, fomos ao proclames. Depois de três dias de resistência, entreguei o carro na seguradora. Pelo menos 15 dias para o conserto do veículo, que faz o leva e traz meu e do Tomás para casadavovó- trabalho1-trabalho2-escola-casa e outros.
Aí começou a novela. Lá em casa, só um carro. O namorado, a maior parte do tempo viajando. A irmã, mora longe e anda por outros cantos. O jeito é ajeitar, mesmo começando muito cedo e tendo poucos minutos entre um turno e outro de trabalho. Então, nos valemos de carona, hospedagem na casa da vovó, ônibus, táxi e moto-táxi. Além de algumas caminhadas para reduzir os gastos de favores e dinheiro.
Para todos os atropelos, inclusive um ônibus errado e uma correria para chegar na hora, Tomás dizia:
- Veja por um bom lado! Estamos fazendo exercício.
Depois de pegar uma carona e me desculpar sem graça, lá vem o menino:
- Veja por um bom lado! Você tem uma amiga.
Voltando da escola a pé, eu e Tomás avistamos este
carrinho, que logo chamou a atenção do menino.
- Que bacana, mãe! Já pensou se tivesse um desse?
- Ia ser bacana, filho. Ele cabe em qualquer vaga...
- Se a gente não estivesse a pé, nunca teria visto este carro.
- Eu já tinha visto, filhote. Mas ele nem é tão bacana, não cabe a família toda!
- Ah, mãe... Mas é bem romântico.
Sim. Para tudo existe outro lado. Mas nem sempre temos
olhos para ver...