Minha tia chegou junto com o sol na quarta-feira acelerada, em um novembro que se esquece de ser penúltimo e mais parece o último mês do calendário. Junto com ela, como em todas as suas visitas, uma lata de amor perfeito. O biscoito que derrete na boca é receita típica de Natividade (To), mas é encomendado em Porto Nacional mesmo, terra de onde ela vem.
A mistura doce e, como diz o nome, perfeita em sua
composição de leite de coco e polvilho me aninha o coração desde a infância. Porque
nela está registrada a patente do amor mais que perfeito, silencioso, absoluto,
desmedido em misericórdia, solidário, companheiro e infinito. Amores assim são incondicionais e nos carregam por toda a vida.
É em sua suave maciez e sabor inesquecível que encontro o
colo quente dos meus primeiros anos de vida, a risada de quem surrupiava nas
latas só mais um biscoito, a certeza de que dias felizes não se esgotam tão
fácil e a esperança de nunca estar só.
Minha tia chegou e com ela veio o amor perfeito. Meu coração
adoecido dos medos do escuro e da solidão sentiu em seu afago a certeza de que
sempre há mais um bocado de tudo para se chegar ao fim e que para todo mal há
receita certa e cura provável.