segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que eu vou fazer com este amor?


Saudades…. Noite passada tive um sonho e você estava lá. Sua pele macia, suas mãos geladas como costumam ser as minhas, seu cheirinho de talco, seu silêncio. Você estava deitado na cama, como ficou nos últimos anos e eu estava no telefone, te observando. Eu dizia para alguém o quanto eu sentia sua falta e perguntava o que eu iria fazer com aquele amor. E enquanto eu voltava meus olhos para você em busca de resposta, acordei com o Tomás me pedindo colo na madrugada.


Tentei de novo, pai, sonhar com você. Mas o sonho não voltou. Eu queria só sentir de novo a sua presença, eu queria no sonho fazer você falar, eu queria ouvir a sua voz, que insiste em não aparecer nas minhas lembranças, eu queria entender mais do que entendo sobre saudades, sonhos e reencontros.

Nestes dias tumultuados de final de ano, com um filho que insiste em crescer mais do que devia, ando muito saudosa. Tenho saudades de viajar com você, no final de ano, para a casa da vovó. Tenho saudades de, depois de horas dentro do ônibus, encostar a cabeça no seu colo e me render ao sono. Tenho saudades de chegar na casa dela e ver penduradas, na lareiras, as botas dos filhos que devem ter recebido presentes nos natais da sua infância. Tenho saudades de sentir o cheiro do arroz doce que ela preparava te esperando. Tenho saudades de quando você ia mata adentro achar uma pitanga não muito bonita para me mostrar que a árvore plantada por você já dava frutos. Tenho saudades de, no Natal, mesmo que sem presentes, ter você. Tenho saudades de quando, já grande, com você cambaleante, dançar um pouquinho “cheek to cheek” cantando “eu, você, nós dois, já temos um passado, meu amor”.

E queria muito saber se quem estava do outro lado, no telefone, no meu sonho, tinha resposta para minha pergunta. Afinal, o que eu irei fazer com este amor?

4 comentários:

  1. Ai, amiga, essa saudade é doída mesmo! Muitas vezes sonho com a minha mãe e, ainda que breves, esses momentos aplacam um pouco a falta que sinto dela. Também não sei o que fazer com tanto amor, principalmente nessa época do ano. Beijos*

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  2. Lú, lembrei de um poema do Neruda, lendo você falar sobre saudades de seu pai.
    Saiba que pode contar comigo quando dores não aplacadas tornarem seus dias cinzentos.
    Abração

    "Saudade

    Saudade é solidão acompanhada,
    é quando o amor ainda não foi embora,
    mas o amado já...

    Saudade é amar um passado que ainda não passou,
    é recusar um presente que nos machuca,
    é não ver o futuro que nos convida...

    Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

    Saudade é o inferno dos que perderam,
    é a dor dos que ficaram para trás,
    é o gosto de morte na boca dos que continuam...

    Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
    aquela que nunca amou.

    E esse é o maior dos sofrimentos:
    não ter por quem sentir saudades,
    passar pela vida e não viver.

    O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido."

    Pablo Neruda

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  3. Não há respostas aqui fora, amiga...

    E que bom que você sonha assim...

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  4. Respostas não acho que vou encontrar, mas carinho, sempre tenho, de vcs.

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