A frase do título é do Tomás. Sim, porque depois dos 30, estou mais para bossa do que para qualquer outra coisa. A decisão veio acompanhada de outros encaminhamentos. Deixar o cabelo crescer, substituir o próximo membro do Iron Maiden a morrer, jogar Guitar Hero até "afiar os dedos" e ser radical.
Ouvi tudo tranquilamente e até um pouco feliz depois do breve caso que o garoto quis manter com a música sertaneja. Agora, ele anda ouvindo as mesmas músicas que meu namorado e os dois combinam de colocar um “metal mais pesado” quando eu entro no carro. Mas eu não me aflijo, afinal o rock pode ser uma boa influência para o rapaz e o radicalismo inicial morrerá em poucas semanas. (Ou não?).
Esta semana, ele me pergunta se o cabelo já está grande, igual ao do “Wolverine”.
- Está quase, filho!
- Que bom! Eu quero que ele cresça até os ombros.
- Filho, nem todo roqueiro tem o cabelo comprido.
- Mas eu sou do tipo que tem.
Sim, eu esperava por isso desde o dia que ele nasceu, mas não tão cedo assim. Se os cabelos dele fossem lisinhos e sedosos, eu mesma teria feito o invencível corte “cuia de índio” para realizar meus secretos desejos maternos (acho lindo!). Mas os cabelos dele são lisos, porém nem tanto, são um pouco armados e têm redemoinhos como o meu. E o tanto que ele quer que cresça é um pouco muito para o padrão.
O padrão? Meninos com cabelos de meninos e meninas com cabelos de meninas. Aff! Que horror escrever ou pensar nisso. Fui criada com cabelos curtos e sem brincos, pés no chão invariavelmente e nada de rosa. Minha irmã também. O assunto é piada lá em casa. Minha irmã, quando pequena, usava tantas bermudas, que na rua perguntavam: “como é o nome dele?”. Então, este não é um valor familiar. Minha mãe nunca se preocupou em “embonecar” a gente. Aliás, a sua maior preocupação estética era com os nossos joelhos: “vão ver que cicatrizes enormes terão nas pernas”.
Mas o fato é que, mesmo sem histórico, repito padrões escolhidos pelos outros para mim e como discurso fraco não cola com o Tomás, tento seguir o que os outros inventaram que é normal.
- Filho, você não vai ficar sem graça de ser zoado pelos amigos.
- Não, mãe! Lá na escola já tem outros três meninos assim. Eles já devem ter passado por isso. E eu sou muito menino para deixar o cabelo crescer.
Sim. Ele é rock. Eu sou bossa. Ele é autêntico. Eu sou repetitiva. Ele está certo. Eu estou incrivelmente errada. Em breve, nas novas fotos deste perfil, fotos de um menino autenticamente cabeludo.
Amando a humanidade
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Acho que ser homem, pai, marido, adulto do sexo masculino já foi mais
fácil, mas não tinha graça. Confinados em seus clubes, escritórios, saunas,
bordéis,...
Há 9 anos