segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Com olhos de criança

A semana começa com o segundo turno das eleições no Brasil e em Goiás, mas também com a perspectiva de um feriado prolongado e um dia para comemorar a vida das crianças à nossa volta. Estes dias de muita correria e prepotência para todos os lados, recorri a elas para manter o juízo são e a esperança intacta. É que ouvir crianças, em qualquer situação, rende para nós, adultos, a possibilidade ver o mundo de outra forma. Com olhos mais inocentes, mas igualmente mais criativos. Sentir o mundo de uma forma menos quadrada e mais possível de transformação. E, para mim, ainda rende boas histórias para dividir com vocês.




História 1

Meu sobrinho, enteado da minha irmã, estuda na mesma escola do Tomás e os dois apresentarão, ainda este mês, uma versão da Arca de Noé para os adultos corujas de suas famílias. Nas preparações para a peça, uma das tarefas de casa pedia para que eles dissessem qual papel gostariam de representar. Meu sobrinho estava na casa da minha irmã, que conduzia a questão.

- Então, Pedro, que papel você queria ter?

- O da onça.

- Da onça? Por quê?

- Porque a onça é mulher.

- Ahn?!?! Como assim?

- Isso mesmo. A onça é mulher. Ela que manda. Ela escolhe a hora que quer dormir, o que vai comer e ainda pode jogar Play Station qualquer dia da semana.

No lugar dele, eu também ia querer ser a onça.

História 2

Chego na escola e sou recebida por um coleguinha mais novo do Tomás, que estudou com ele no ano passado. Todo empolgado, ele me convida para conhecer seu novo cachorro, que foi buscá-lo junto com a mãe. Eu topo ver a cara do bichinho.

Ele chegar com o bichinho todo fofinho, de laços e perfume, para me mostrar com orgulho.

- Tia, é lindo meu cachorrinho, né?

Num impulso, eu chego minha mão perto do seu pelo branco e marrom para sentir sua fofura, no que Lucas me avisa.

- Tem que lavar a mão.

- Sim, eu lavo a mão depois que pegá-lo.

- Não, tem que ser antes. Porque ele tomou banho e você, não.



História 3

Eu e meu pequeno tivemos dias de cidadão nas últimas semanas antes da eleição. Levei o Tomás em alguns eventos políticos, como minha mãe fez comigo quando eu era pequena e ele ficou encantando com o clima de festa e com os candidatos. Já era telespectador assíduo de programas eleitorais desde os 4 anos e se tornou um pequeno militante.

Em um dos últimos encontros, apresentamos para ele a candidata deputada estadual que apoiávamos. Ele ficou feliz de tocar na mão de quem votaríamos. Mas voltou logo para a cadeira e buscou na minha bolsa a propaganda da candidata. Foi quando disse.

- Coitada, ela está bem mais velhinha do que nesta foto!



História 4



Na véspera da eleição, Tomás descobriu que não ia votar. Expliquei para ele que, dificilmente, os mesários deixariam que ele entrasse para registrar os meus votos na urna. Foi quando ele descobriu que caso “votasse”, seriam os meus votos e não os dele.

- Quer dizer que eu fiz campanha à toa e nossos candidatos vão ter um voto a menos?

- Filho, criança não vota.

- Por quê?

- Porque não vota, porque tem uma lei e criança não tem idade ainda para decidir o que é melhor para o País.

- Eu tenho, sim. Que te disse que eu não tenho?

- Filho, você nem sabe quem faz as leis.

- Eu sei. São os deputados federais e eu vou falar com eles que se a criança quiser, ela deveria poder votar.

E depois disso foi muito choro e consolo e a sorte de deixarem ele entrar na sessão na hora da votação.

5 comentários:

  1. Puxa, eu queria votar na sua sessão. Na minha, Arthur não pode entrar e ficou muito, muito decepcionado...

    E esqueci de te contar. Arthur, ontem, disse que "Tomás ainda vai ser usado por cientistas como fonte de energia renovável!" É a forma de ele explicar como vê seu menino...

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  2. Hahahha...gente, eu adoro essas histórias de criança! Obrigada por fazer meu dia começar mais alegre!
    Beijos!

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  3. Luisa,

    Estou rindo com essas histórias fofas, fofas, fofas. A sinceridade das crianças é algo surpreendente. A história da onça é sensacional. Haha
    Beijos,
    Irma

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  4. Realmente, as crianças são os nossos tesouros. Na inocência eles nos mostram algo no mundo deles que nos encanta.
    Eu não teho filhos, mas convivo com 4 sobrinhos, 2 de 12 anos, 1 de 9 e outro que este mês faz 2 anos. São todos fofos e diariamente aprendo a sorrir em meio aos carinhos e o amor deles por mim e de mim por eles.
    Bjks:.

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  5. Meus Deus..sabe que tem um livro sobre essas "coisinhas" que as crianças falam??
    Beijinhos
    http://paposodemulherzinha.blogspot.com/

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