quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O que você faz quando não acha uma vaga?



Se dirigir está difícil, estacionar está um pouco mais. Com um número de veículos cada vez maior no trânsito, na hora de parar, a disputa por um espacinho para encaixar o carro é motivo de muita dor de cabeça. Para não perder a hora no trabalho ou na escola, é preciso se antecipar em minutos, porque para achar a tão sonhada vaguinha serão necessários minutos à mais dando voltas na quadra ou olhando fila por fila no estacionamento.

E quando você está na hora daquele cinema ou do casamento do melhor amigo, aqueles minutos passam a ser preciosos e o momento de folga inclui o desprazer de lutar por uma vaga. Aí a gente fica sabendo quem é o motorista da frente e o que ele é capaz de fazer para estacionar o seu carro... E isso faz uma enorme diferença.

Quantas vezes no shopping, naquele dia mais que infernal, você dá a seta para entrar na vaga que será desocupada e antes que você consiga fazer uma manobra, alguém que se diz mais esperto arranca e ocupa sem olhar para trás o lugar que seria seu? Ou na escola do seu filho, no espaço reservado para desembarque, um pai mais espertinho estaciona e por lá fica atrapalhando uma via de acesso rápido a ser usada por todos?

Aí tem quem estaciona em local expressamente proibido, em frente à garagem da sua casa, no espaço destinado às motos, na vaga exclusiva de um comércio, etc. Exemplos de falta de cidadania que irritam quem tenta seguir a lei e respeitar o direito do outro. Mas o que mais me incomoda e me deixa envergonhada é o motorista que estaciona na vaga destinada ao deficiente físico ou ainda o desinformado que coloca o seu carro na lateral desta vaga, onde fica o chão é marcado para o desembarque de um cadeirante.

Isso é muito comum na escola que meu filho frequenta, onde das prováveis 50 vagas, apenas duas são destinadas aos cadeirantes e ficam próximas à faixa de pedestre e ao portão de embarque por motivos óbvios. Mesmo na minha corrida hora de almoço, nunca tive coragem de dar “só aquela paradinha” naquelas vagas. Estaciono bem longe da entrada, na maioria dos dias, e quando carregando a mochila e a lancheira tendo o sol e o filho como companheiros, eu vejo a vaga especial com um carro sem adesivo parado por lá, me dá um nó na garganta.

Muitas vezes a pessoa não estaciona na vaga em si, mas ao lado dela, onde aconteceria o desembarque do aluno ou do pai com necessidades especiais. E muitas destas vezes eu conheço o motorista e fico morrendo de “vergonha alheia”. É que a gente faz um discurso e executa, na prática, muito pouco. Respeitar o outro significa, muitas vezes, nos sacrificar. Abrir mão de algum conforto. Esperar mais um pouco. Ter paciência redobrada.

Então, na próxima vez que você for estacionar, lembre-se que a vaga que você escolher e a forma como você vai chegar a ela diz um pouco de quem você é e, principalmente, como você se sente em relação aos outros.

2 comentários:

  1. Essas práticas dizem muito de todos nós, Lu. Costumo dizer que o trânsito nos revela mais que qualquer outro tipo de relação.

    Já fiz matéria no jornal sobre uso de vagas de estacionamento para PCD. A desculpa é sempre esfarrapada. Não cola. Quando são flagrados, às vezes sequer se envergonham. Nos envergonhamos nós, por ter por perto gente tão sem civilidade.

    Excelente reflexão. Excelente puxão de orelhas.

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  2. Eu tenho incontáveis defeitos, mas a minha maior preocupação é em seguir a 'regra de ouro', ou seja: fazer aos outros o que eu gostaria que fizessem comigo. Isso é uma raridade, infelizmente...
    Parece que tem gente que se sente armada atrás de um volante.
    Ser civilizado é um grande desafio!
    bjs

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