Nunca sabemos quando seremos visitados por uma lembrança e este é um dos maiores espetáculos da vida. No meu penúltimo dia de férias e na véspera do Tomás voltar para casa, fomos juntos à escola. Além de conhecer a nova professora, eu precisava explicar a ela que os materiais escolares do pequeno chegariam com um ou dois dias de atraso, porque estavam na responsabilidade do pai e eu acabava de chegar de viagem.
Então, ela me deu a lista atualizada dos materiais para que eu checasse antes de levá-los para a escola, o que pudemos fazer horas depois com a chegada das sacolas com os itens solicitados. Mas, diante da lista, só o que pensei foi naquele cheiro da máquina xerográfica me fez lembrar os meus 8 anos. Ah, como era bom percorrer os olhos naquela lista e esperar que minha mãe cuidasse para que tudo estivesse lá na véspera do começo das aulas. Eu gostava tanto que lia até a lista das outras séries, em especial os diferentes materiais de artes. E quando chegavam, ah, que festa! Eu me lembro de percorrer as mãos em cada página de livro, de namorar os lápis coloridos, de enfileirar os cadernos, pensando que no futuro queria mesmo era ter uma papelaria.
Naquele tempo, eu acreditava que a papelaria era o lugar onde tudo era novo e adorava o cheiro e as cores organizados nas prateleiras deste tipo de comércio. Como bem lembra minha mãe, as opções em Goiânia eram poucas, Casa do Colegial, Maçã Verde, Casa do Estudante. E se os preços e o volume de pedidos hoje assustam os pais na hora de fazer as compras, na época, devia ser bem pior. A inflação carcomia o salário, o 13° e as economias dos responsáveis por manter os suprimentos em dia dentro de casa.
Mas eu, com 8 anos, não queria saber de nada disso. Aquele era o único momento do ano em que eu recebia, ao mesmo tempo, várias coisas novas. E então, antes que as aulas começassem e tudo se tornasse o banal de todos os dias, eu vestia em cada livro, lápis e caderno uma embalagem imaginária de presente e me vestia de aniversariante fora de época. Era só o dia começar para que tudo ficasse esparramado em cima da cama e fosse admirado por vários ângulos.
E hoje, já com os livros do Tomás prontos para serem encapados, dividi com ele esta sensação de prazer pela novidade, pelo que será vivido nos próximos meses da vida dele, pelo que nos é tão caro na educação dos nossos filhos e muitas vezes tão pouco compartilhado. Folheamos os livros e imaginamos o que virá. E que venha para fazer história na vida dele e possa um dia ser uma bela lembrança.
Realmente é um momento mágico.
ResponderExcluirAté hoje adoro o cheirinho de livros e cadernos novos ^^
Manu ainda frequenta creche escola. Ano que vem irá para o primeiro ano do ensino fundamental.
ResponderExcluirlendo seu post, fico imaginando como será viver esse momento com minha filha, como mãe.
E fico pensando como era bom início do ano. MInha memória olfativa não me deixa esquecer o cheiro do plástico que minha mãe, pacientemente, encapava nossos cadernos. Sem contar que ala levava a gente na papelaria e nos deixava escolher os lápis, estojos e cadernos.
que delícia. como é bom ser criança!
bjus