sexta-feira, 22 de junho de 2012

Educação conect@da: os desafios impostos aos pais



Sou de uma geração nascida e criada antes da internet, o que incluiu aulas de datilografia na adolescência e laboratório de redação com máquinas não elétricas na faculdade. No último ano, se não me falha a memória, tivemos acesso aos primeiros computadores da universidade, que eram grandes caixotes capazes de “datilografar”os textos, mais rápido.

E foi assim, já na década de 90, que a modernidade chegou, junto com os celulares do tipo tijolo e os bips. Nunca tive um bip, mas bipei muita gente por aí. No trabalho, ainda usei por muito tempo o aparelho de fax, que hoje só serve quando a gente quer tirar uma xerox ou pedir uma fatura extraviada. São peças de museus que eram hits a apenas duas décadas atrás.

No computador, a gente escrevia a matéria, usava disquete, salvava na rede, mas nada, nadinha de internet. Para comunicações estilo msn, era comum ter um arquivo oculto onde teoricamente você poderia mandar bilhetinhos que teoricamente só seriam lidos pelo destinatário, na hora que você saísse do documento, é claro.

Mais tarde, Uol e mais algum outro site lançaram os chats. Meu Deus! Para amores incuráveis cuja madrugada era curta e a conta telefônica muito longa, era o paraíso. Hora tal, sala tal, cidade tal, codinome tal e sorte na conexão discada, porque podia cair a qualquer momento. E foi assim que comecei a usá-la, trabalhando em redação e terminando o ofício de contar histórias em casa (muitas delas salvas em disquete!).  Mas os anos passaram e a tecnologia velozmente tomou conta da nossa vida profissional e pessoal. Orkut, twitter, facebook, linkedin. Ainda dá para saber quem veio primeiro mas duvido que os nossos filhos saberão.

As fotos do primo estão na internet, a atualização de status da melhor amiga, também, o último encontro do grupo, a mudança de emprego do colega, as notícias da última hora (opa! do minuto, por favor), as discussões importantes, os aniversariantes do dia. Meu trabalho está lá, na internet. Minha agenda, também. Algumas coisas já foram salvas nas nuvens e as fotos e crônicas perambulam por aí compartilhando angústias e alegrias.

Mas, em um lugar, a presença dela anda me perturbando, em vez de ajudar: na infância do meu filho. Tentei poupá-lo ao máximo por achar que ele ainda não é maduro suficiente para compartilhar ou gastar sua vidinha naquele espaço. O plano de internet residencial completará dois anos, em outubro. Antes, só eu acessava. Além do medo de pedófilos e coisas assim, tenho receio do cyberbulling, da perda de tempo e dos diálogos invasivos na rede.

Nosso combinado atual libera duas manhãs conectado, o que inclui uma modesta conta de msn,jogos, tabela de campeonato e youtube, e algumas horas no final de semana. Ele bota para quebrar, nestes momentos, e, muitas vezes quer deixar o parque para depois assistindo vídeos de outros players. Então, imagino que ele, no domínio de um perfil, não deixará passar batido nada.

Mas isso deixou de ser suficiente pela pressão dos colegas e porque meu rapaz é um curioso nato. Agora, o bordão do momento é: quero uma conta no facebook. E todo dia uma negociação enorme adia o desejado, mesmo que haja argumentos contrários, como a necessidade desta geração ser mais interativa do que a minha, as tecnologias que deverão ser dominadas por eles estarem além do meu alcance de consumo e visão, a presença dos amigos e parentes na rede, entre tantas outras preocupações.

Um dia desses, depois de mais uma acalorada discussão no mundo real, fui buscar ajuda com os especialistas. E li Rosely Sayão, que fala desta geração que vive presa na vida real e livre no mundo virtual, onde nem sempre sabe proteger sua intimidade e privacidade. Para ela, o desafio dos pais é ensinar a interatividade no dia adia, na padaria, na escola, na casa dos parentes e garantir que as redes só serão usadas no momento em que elas terão maturidade suficiente para escolher também as suas companhias virtuais.

E é assim que Tomás terá que se contentar com uma educação não tão conect@da diretamente às redes sociais, mas ainda esperando que haja espaço para o limite, a paciência e o tempo ideal de cada coisa.

Um dia irá acontecer, mas que não seja amanhã.

Crédito da foto:Shutterstok

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