Há em outubro esta magia do recomeço:
a esperança de que antes do ano findar haja tempo e amor para tudo. Está em
outubro o pré-balanço do final dos meses, um novo fôlego, uma pequena mudança,
a confirmação do caminho, o olhar para os lados, a revisão dos pedidos, uma
nova cor para os esforços.
Faltam três meses para que mais um ano
acabe, talvez o mundo. São 91 dias. É suficiente? Faltará dia? O que dará
certo? O que foi previsto? O que surpreendeu? O mundo gira em círculos e você e
eu?
É sempre em outubro, com o papai Noel
batendo na porta, um candidato que te pede votos, dois feriados e 31 longos
dias de Primavera, que a gente se pergunta para onde mesmo segue a barca.
Lá fora a seca do Cerrado fez
estragos, mas as flores insistem em brotar. O ipê já floriu e, logo, a flor de
outubro brota do seu cacto. Impagável milagre da natureza que nos deixa assim a
pensar, que dá para remediar ausências, dedicação e boa vontade. Que, no fundo,
tudo pode dar certo.
Então que venha outubro com inspiração
do poeta Nei Duclós, trazer rompimento e nascimento na medida certa:
"Trago a nova: eu mudo lento, e é
tudo. Sinto ser assim por estações: aos turnos. Posso voltar ao ponto de
partida, mas luto. Sei que vem outubro. Flores, frutos de seiva romperão no
mundo (Trabalho duro: sugar de pedras, rasgar os caules, colher ar puro) Lento
e bruto eu mudo/ Sei que vem outubro”.
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