sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Tradição I



Grávida do Tomás, eu ficava “mirabolando” tradições para a nossa pequena família, porque sempre acreditei que ter uma tradição é como solidificar laços. Acho bonito ver uma família que segue uma tradição.


Não reconhecia no meu núcleo familiar nada que tivesse o peso de uma tradição. Nossas festas de Natal são pequenas, quando criança, eu e minha irmã nos dividíamos entre pai e mãe para o Natal, o almoço de domingo não segue um cardápio tradicional, não vamos à missa todos os sábados e não temos mais um destino certo nas férias. Na busca por tradições, já comprei camisetas iguais para mim e para ele, tentei contar uma história todas as noites, ir ao parque nos domingos... Mas nada pegou, não virou tradição.


Agora, que o final de ano chega e começo a cumprir as minhas atividades festivas, percebo que a tradição estava ali e eu ainda não tinha visto. A primeira tradição começa com o aniversário do pequeno, nascido em dezembro. Desde o primeiro, eu faço os convites e preparo as lembrancinhas com a ajuda de uma amiga querida e a vovó e a dindinha fazem os doces. Se a festa é maior, uma legião de tias empresta as mãos para cumprir as tarefas. Quando entra novembro, ele já pergunta o que faremos neste ano. Sempre tem uma novidade. Neste ano, a comemoração será na escola, mas já começamos a festa cortando papéis em casa.


Em seguida, começam os preparativos do nosso amigo-secreto. Tem mais de dez anos que eu e um grupo de amigas nos reunimos para comemorar o Natal e o ano novo com o tradicional sorteio de papéis. O grupo mudou, cresceu e a festa continua em nosso calendário, em algum final de semana em dezembro ou janeiro. Desde 2003, o Tomás começou a participar da brincadeira, ainda na barriga. Ganhou de presente do amigo Igor um Taz bebê, que enfeitou seu primeiro quarto. De lá para cá, ele e os amigos se divertem com a troca de presentes e de papéis. E ele espera ansioso pelo dia em que saberá quem é “seu concorrente”. As opções não são muitas, porque eles são poucos, mas o pequeno se diverte sempre.


Na onda de tradições, temos nossa pequena árvore para o nosso cantinho lá em casa. É lá que amanhece o presente do Tomás no dia 25. O papai Noel passa na vovó, onde é a ceia no dia 24, mas sempre deixa algo na nossa casa e ele espera. A árvore é montada por nós dois, em meio às discussões, porque ele gosta de fazer tudo sozinho. Então, já tive carrinhos estacionados ao pé da árvore, cartinhas penduradas nos galhos, mas tudo muito colorido e feito por nós dois, em uma manhã qualquer de domingo.


Estas e outras tradições surgiram sem um planejamento maior. Foi o prazer de repetir certas vivências que estão concretizando os laços com quem amamos. E cada uma destas coisas torna a nossa vida mais doce e mais suave. E o gosto pela tradição passa então de mãe para filho. Dia desses, ainda no final de outubro, após o último recital do ano, fomos lanchar juntos depois da apresentação. Ele e os colegas já tinham programado o passeio dias antes, porque em outros momentos de comemoração escolar, fizemos o mesmo. Foi aí que o Tomás falou:



- Mãe, sair com os amigos depois do recital já é uma tradição, né? A gente vai fazer isso para sempre.



É, meu artista, esta é mais uma das nossas tradições, uma tentativa no meio de tantas de ser e fazer feliz. E que bom que nossas tradições não planejadas têm gosto de brigadeiro, segredo e batata frita.

3 comentários:

  1. Como vcs não tem tradições? A farofinha de aveia e o purê de maçãs não fazem parte das tradições de Natal de sua família? Suas saladas bem elaboradas, os biscoitinhos de farinha de milho, o vinho chileno (e o porto durante as preparações) os presentes debaixo da árvore grande na sua mãe, as lindas lembranças preparadas pelas amigas (a segunda família), as tradicionais fotos de outras festas...
    Para mim as idas aos parques aos finais de semana podem ser consideradas tradicionais, juntamente com a panqueca de domingo cedo, o sorvete de domingo á tarde, os baleiros sempre cheios de pães de mel...

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  2. Como gosto delas, as tradições. Como gosto dos rituais que nos levam onde quer queiramos ir. Tenho uma bem urbana nos últimos tempos: ir à feira no domingo, faça chuva ou faça sol. Lá tomamos suco de laranja com pastel ou suco de laranja com biscoito de polvilho frito. Na volta pra casa a gente passa na banca de revistas. Se não é assim, fica faltando um pedaço. Não parece domingo...

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  3. Algumas das citadas são tradições, Rogério. Outras não... Nem sempre tem árvore na casa da minha mãe e o pão de mel era para a Carol. E o parque? Este não me vê tem meses (rs). Deirinha, a sua ida na feira virou tradição conhecida. Até o Tomás sabe.

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