Quem tem criança em casa, sabe o quanto é difícil explicar alguns dos códigos do nosso mundo, entre eles o dinheiro. Quanto mais a gente explica, mais a gente vê que inventamos algo muito complicado e cujo valor excede a normalidade. É a falta dele que justifica a não realização de certos compromissos, é o cuidado com ele que faz com que a gente cuide dos objetos pessoais e assim vai...
E junto com o dinheiro vem o banco, o cartão de débito, o cartão de crédito, o caixa eletrônico (aquela máquina, mãe, de onde você tira o dinheiro) e o cheque, o cheque, aquele pedaço de papel que a gente assina e, imediatamente após, se transforma em grana ou pelo menos na sombra dela.
Eis que o meu pequeno, ávido por ter o seu primeiro milhão antes dos dez anos se possível, em uma volta pela cidade, fala para a avó:
- Como faço para ter um cheque?
- Um cheque? Tem que ter conta no banco, meu filho.
- Eu tenho. Você pode pegar um cheque para mim?
- Não. Você tem que ter dinheiro na conta.
- Meu pai coloca dinheiro lá para mim.
- Mesmo assim, nem todo mundo que tem conta no banco e dinheiro, tem cheque. Eu tenho, mas a sua mãe não tem.
- Tudo bem. Ela pode não ter, mas eu quero ter.
- Mas não é assim, meu querido. Você tem que trabalhar.
- Ah, vó. Assim tá difícil, criança não trabalha.
É, como diz a música do Arnaldo Antunes, nas vozes do Palavra Cantada, “criança não trabalha, criança dá trabalho”. O Tomás queria um cheque, “aquele papel que vira dinheiro”, para comprar umas “coisinhas” na banca de revista. Quando eu reforcei a explicação da avó e disse que só após os 18 anos, ele poderia ter um cheque, ele disse em tom de frustração:
- Depois dos 18 anos, eu não vou mais querer um cheque para ir na banca de revista. Não vai ter graça nenhuma!
Eles têm uma urgência, né? Arthur quer saber: - Quando poderá ir ao Rocha (o mercadinho lá do lado de casa) sozinho; - Quando poderá voltar da escola andando ou de bicicleta; - Quando poderá tirar carteira de motorista ("Eu acho que com 16 já pode...").
Quando pequena, brinquei de bonecas e de casinha sem saber do futuro. Treinei direitinho, mas depois o treino não me serviu para muito. Me tornei mais do que esperava. De filha e irmã, ampliei o leque para jornalista, mãe, artesã, amiga, ex. No desafio de ser, tenho que usar todos os dias muita paciência, persistência e sobretudo, amor. Na nova família, somos mais do que pensávamos, temos mais do que tínhamos anteriormente.
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Como amo a percepção de mundo do Tomás!
ResponderExcluirGênio.
Eles têm uma urgência, né?
ResponderExcluirArthur quer saber:
- Quando poderá ir ao Rocha (o mercadinho lá do lado de casa) sozinho;
- Quando poderá voltar da escola andando ou de bicicleta;
- Quando poderá tirar carteira de motorista ("Eu acho que com 16 já pode...").
Pressa!