segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Salário maternidade


Era noite de domingo, calor lá fora, estrelas brilhando no céu, jornada de carinho vivida intensamente com quem se ama  e em noites assim, um menino de oito anos costuma pedir para dormir na minha cama. E como uma amiga querida me disse que eu devia aceitar, porque logo ele não pedirá mais, eu às vezes aceito.

E é lá na imensidão da cama, com o céu a nos vigiar da janela, entre uma página e outra do livro lido em conjunto, que ele me diz:

- Eu acho que o governo deveria pagar um salário para você ser mãe.

- É mesmo? E por quê?

- Porque mãe tem muito trabalho, tem que cuidar do filho, das coisas do filho, das coisas da escola, das coisas dos amigos do filho. Tem que levar no médico, lavar a chuteira, ensinar a ser educado. E tudo isso é muito importante.

- Sim, eu concordo. Devíamos mesmo ter uma ajuda grande para cuidar de vocês.

- Afinal, eles não dizem que as crianças são o futuro do país?

- Eles dizem... E este salário seria até quando?

- Hum... Até o filho ter 40 anos, acho que está bom.

 Nunca sei como terminar os diálogos com o Tomás, então deixo no ar, até que ele venha me perguntar sobre como surgiram as estrelas, o que farei amanhã cedo ou porque “o céu é assim”.

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