Era noite de domingo, calor lá fora, estrelas brilhando no céu, jornada de carinho vivida intensamente com quem se ama e em noites assim, um menino de oito anos costuma pedir para dormir na minha cama. E como uma amiga querida me disse que eu devia aceitar, porque logo ele não pedirá mais, eu às vezes aceito.
E é lá na imensidão da cama, com o céu a nos vigiar da janela, entre uma página e outra do livro lido em conjunto, que ele me diz:
- Eu acho que o governo deveria pagar um salário para você ser mãe.
- É mesmo? E por quê?
- Porque mãe tem muito trabalho, tem que cuidar do filho, das coisas do filho, das coisas da escola, das coisas dos amigos do filho. Tem que levar no médico, lavar a chuteira, ensinar a ser educado. E tudo isso é muito importante.
- Sim, eu concordo. Devíamos mesmo ter uma ajuda grande para cuidar de vocês.
- Afinal, eles não dizem que as crianças são o futuro do país?
- Eles dizem... E este salário seria até quando?
- Hum... Até o filho ter 40 anos, acho que está bom.
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