Ter filhos saudáveis, felizes e com futuro brilhante pela frente. Este é o sonho da maioria das mães. É com este sonho que construímos nossas “casinhas de boneca” e procuramos, de um jeito ou de outro, seguir a receita de papai e mamãe para ter um pouco mais de sossego lá na frente. Não é raro que isso despenque em desilusão e a gente fique procurando se ajustar a um modelo que há muito não é padrão. Ser família, hoje, é sobretudo estar junto por amor e, se preciso, sofrer junto por amor.
É o que nos prova dois relatos recentes da revista Época. O primeiro é de um casal que deu à luz este ano aos gêmeos Eduardo e Ana Luísa. Em São Paulo, a maior metrópole brasileira, Munira Khalil El Ourra e Adriana Tito Maciel lutam para registrar os filhos no nome das duas. Os óvulos são de Munira, de quem as crianças herdaram a cor da pele entre outros itens. A barriga e o leite são de Adriana. O amor e a responsabilidade são das duas.
O segundo, publicado esta semana, é de duas psicanalistas, juntas há dez anos, que na machista Porta Alegre (na verdade, uma das cidades mais vanguardas em decisões deste tipo), que têm nas certidões dos filhos Joaquim Amandio e Maria Clara os seus nomes no espaço reservado para mãe. Michele Kamers e Carla Cumiotto tornaram pública a história para auxiliar Adriana e Munira a fazerem o mesmo que elas fazem: criar seus filhos.
Criar filhos para homens e mulheres têm sido tarefa árdua. Não raro, alguém abandona a história, deixa para lá, desiste. Conheço tantas histórias assim, que já aprendi que para ser feliz, uma criança precisa ser amada, independente de quem for esta fonte. Não raro vemos crianças nas ruas em busca de uma única fonte de educação, amor, carinho, acolhimento. Então, me espanta que quando duas pessoas, maduras, adultas, queiram ser para alguém esta fonte, a justiça não permita. Me espanta que a gente ainda se espante com o amor das pessoas, em vez de se espantar com a falta dele.
Torço por Munira e Adriana, como torço por amigos que um dia terão seus filhos e criarão histórias diferentes da minha...Simplesmente porque onde há amor, há inúmeras possibilidades.
Fotos: Revista Época
há cada dia minha cabeça e meu coração se enchem de dúvidas e mais dúvidas. tb sempre quis acreditar, me convencer, me agarrar ao fato de que amor, seja de onde venha, em que formato venha, resolve tudo, apazigua tudo, acalenta tudo. mas há tta dor que às vezes sou levada a ser mto mais descrente do q gostaria...
ResponderExcluirsobre as histórias publicadas pela Época, meu comentário é sobre o ofício de contar essas histórias. o texto de Eliane Brum, sobre a história de amor (maluca pra mim, preciso confessar) de Michele e Carla, é maravilhoso. queria fazer uma matéria assim...
e a dor de onde não há amor? ele não cura tudo, mas torna a cura possível. pense viver sem ele, deirinha. também queria fazer uma entrevista assim, queria fazer perguntas que não vi respostas na matéria.
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