segunda-feira, 22 de junho de 2009

Orfandade


Orfandade, este é o título da poesia de Adélia Prado. Quando achei este texto, me senti tão abrigada nas palavras, tão traduzida, que foi como se tivesse conversado com ela. Tantas vezes, depois de grande, quis caber no colo de minha mãe. E, agora, a poetisa nomeia tão bem esta sensação. Me senti órfã da minha "pequenez" e ainda me sentirei assim muitas vezes. Apenas, porque grande, não nos sentimos mais tão protegidos e somos órfãos sem perspectiva de adoção. Às vezes, quando olho para o meu filho, de 5 anos, sinto que um dia ele vá crescer e se sentirá exatamente assim...

Orfandade


Meu Deus, me dá cinco anos.

Me dá um pé de fedegoso com formiga preta,me dá um Natal e sua véspera,o ressonar das pessoas no quartinho.

Me dá a negrinha Fia pra eu brincar,me dá uma noite pra eu dormir com minha mãe.

Me dá minha mãe, alegria sã e medo remediável, me dá a mão, me cura de ser grande, ó meu Deus, meu pai, meu pai.

3 comentários:

  1. Amo Adélia Prado! E também peço a Deus, constantemente, pra me livrar da adultice!
    Beijos pra você Luísa!

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  2. Simplesmente lindo. Também fico tentando congelar o momento, esse tempo em que Luísa, a minha pequena, ainda cabe nos meus braços. E vejo o relógio trabalhando, conspirando contra mim....
    BJS
    Paty

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