quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Altas aventuras

Na minha saga para percorrer a lista de indicados ao Oscar de melhor filme em 2010, lá fui eu sentar-me ao lado do Tomás para assistir “Up – Altas Aventuras”, que por um destes erros de cálculo, ficou fora da nossa programação de 2009. E me deu uma pontinha de arrependimento por não ter visto aquela profusão de cores na telona. A Pixar conseguiu, depois do meu filme de cabeceira Wall-E, fazer um longa ainda mais lindo, ainda mais comovente. E eu, que esperava algo um pouco melancólico, me apaixonei por Carl Fredricksen, com seus 78 anos, e sua linda história de amor com Ellie.

Com a sala invadida pelo sol, foi difícil esconder as lágrimas caindo ao conhecer os sonhos de o viúvo aposentado foi deixando pelo caminho, mas também ecoou na sala as risadas do meu pequeno intrépido se encantando com as tentativas desastrosas de Russel em busca da sua última medalha de escoteiro. Ao final do filme, eu fiz o que a mãe de um amigo costumava fazer conosco na infância para ver se tinha restado algo da sessão cinematográfica tão rara e perguntei o que ele achou. Naquela época, filme de criança era mesmo de criança e nem tudo tinha um sentido tão amplo como agora.


- Achei “maneiro”, mãe... Eu queria ser escoteiro que nem aquele menino.

- Eu também gostei. Um filme sobre uma amizade, sobre um sonho.

- Não, mãe. Não é um filme sobre uma amizade. É um filme sobre várias amizades, porque ali ninguém deixa ninguém para trás. E quando a gente é amigo de verdade, nunca deixa o outro para trás, né? Nem que para isso tenha que sair voando amarrado em balões coloridos.

Bem longe dos robôs gigantes e assassinos, dos piratas aventureiros e dissimulados ou ainda de um menino mágico capaz de fazer tudo o que não fazemos, Up fala do que podemos fazer todos os dias uns pelos outros. Fala sobre reencontros com sonhos do passado, sobre o que realmente queríamos fazer, sobre o que somos.

Em uma das críticas que li na época do seu lançamento, a obra foi comparada ao trabalho do mestre Orson Welles em Cidadão Kane. "Eu não acredito que palavra alguma possa explicar a vida de um homem”. A máxima de Welles ganha vida com Carl Fredricksen em um filme bem mais colorido e digerível feito por adultos para encantar crianças e adultos. Está na minha lista de favoritos e ameaça desbancar a minha torcida tímida por Bastardos Inglórios até a próxima sessão.

4 comentários:

  1. Adorei o seu texto! Alias, sempre gosto desta leitura e de como nossas vidas se encontram! Maes, mulheres, apaixonadas e fas de cinema. Um beijo e mais uma vez, parabens pelo blog!

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  2. Oi Lú!

    Tbm adorei esse filme! Tbm me emocionei com o amor do Sr. Carl pela sua Ellie.
    Manu não assistiu com a gente (nem sei por que).
    Me chamou a atenção a maneira que a inocência infantil do escoteiro foi retratada. Bem latente no momento que ele está na porta do velhinho querendo ajudá-lo afim de conseguir sua última medalha e leva um passa fora. O aposentado manda ele pegar uma tal ave (se não me falha a memória). E ele vai, todo contente, sem saber que na verdade o Sr. Carl queria ficar sozinho e a ave nem existia por ali.
    É bem isso que vc falou aqui, o filme fala sobre a realidade, sobre a nossa essência.
    Bonitinho o comentário do seu filho!
    bjk

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  3. Eu comprei este jogo em Playstation do tanto que gostei. É um dos preferidos da Carol, assim como o filme o foi.
    Um amor como o da Ellie era tudo que todo Carl queria ter.

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  4. Up me levou a explorar caminhos movediços...Tudo na medida de minhas aberturas e da possibilidade de perceber e refletir sobre os balões que carregam meus sonhos.
    Com certeza, um dos melhores filmes do ano!
    Belo texto! Como sempre.
    Abraços.

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