sexta-feira, 5 de junho de 2009

Para onde deve ir o menino Sean?


Eu tenho um filho de cinco anos. Não tenho papeis que digam isso, mas a guarda dele é minha. Mas o meu maior medo não passa pelo hoje, passa pelo amanhã. Se eu morrer antes da hora, quem cuidará dele para mim? Imagina-lo na casa do pai, longe da minha família com quem ele convive mais hoje, é um problema. Imaginar que a minha vontade será soberana após a minha morte é outro. Venho falar sobre isso porque decidiram que o menino Sean Goldman deve voltar a viver com o pai, nos Estados Unidos, de onde saiu há cinco anos. Depois, “desdecidiram”. O presidente do STF, Marco Aurélio Mello, concedeu liminar suspendendo a ida de Sean, 8 anos, com o pai David, esta semana. Mas a decisão ainda terá que ser aprovada pela plenária. A liminar é resultado de uma ação do Partido Progressista, que considerou que a decisão passou por cima do dever de proteção à família e à criança.
Sean Goldman perdeu a mãe, com quem vivia, e a partir deste momento, virou personagem de uma luta ingrata entre seus avós maternos e seu pai. Sua vida está em suspenso. Não sei se vai à escola, se faz projetos para este final de semana. Não sei se ele consegue entender o porquê de ainda não ter sido ouvido pelas pessoas que argumentam sobre o seu futuro.O que fazer neste caso? Em um primeiro momento, ao ler sobr eo caso, tive a certeza que ele deveria ficar onde estava, onde se sentia em casa, onde estava protegido. Me coloquei no lugar dele e, principalmente, no lugar da mãe que morreu, Bruna. Se ela veio embora, se não era feliz com o pai dele, tinha seus motivos. Depois, bem depois, me coloquei no lugar do pai. O pai quer o filho, quer ter o direito de criar o filho, de estar com ele, de vê-lo crescer. Depois da mãe, quem tem mais este direito?
Não sei responder a estas perguntas. Mas sei o que sinto diante de tal conflito. Sinto que, às vezes, a gente crie situações para as crianças mais difíceis do que elas dão conta. Que quando a gente toma determinadas decisões, pode estar, no futuro, causando a elas enorme peso. Sean não tem vínculo com o pai, mas ao que parece, não foi uma escolha dele ou de David esta ruptura. E agora, por uma decisão da Justiça, pode ter que refazer sozinho este caminho.
Quando eu estava grávida, eu falei com o pai do meu filho sobre o meu medo de morrer no parto ou em seguida. Disse que, neste caso, gostaria muito que o meu filho ficasse com minha mãe, minha irmã, alguém meu. Recebi uma resposta muito sincera de que, caso acontecesse algo comigo, ele se responsabilizaria pela criança e que, corrigindo o português, o filho era nosso. Eu tenho medo disso até hoje, mas aprendi que, por este motivo, eu preciso deixar os caminhos abertos para que ele sofra menos com as minhas escolhas e possa fazer as suas próprias escolhas.

3 comentários:

  1. essa é mais uma consequencia de algumas escolhas nossas, ou apenas alguns acontecimentos em torno da nova família. tenho mto mais medo de morrer depois que me tornei mãe...

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  2. Nessa história, penso que o pai do Sean foi muito injustiçado. Acho que é natural e legal que ele tenha a guarda da criança. O tempo permitirá a convivência entre pai e filho...

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  3. Nao existe nada que justifique privar o pai de criar seu filho. Imagine da-lo a um padastro! A mae se nao tivesse morrido era para ser condenada por bigamia e sequestro.

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