Enquanto a margarina continua a exibir a mudança de padrão da família brasileira com muito humor e uma boa dose de coragem, Tomás continua firme em seu propósito de me garantir um par e, de quebra, uma família mais completa. As estratégias do pequeno alcoviteiro incluem olhares indiscretos, inquirições sobre toda a sorte de homem que cruza o meu caminho e pequenas dicas sobre roupas e acessórios apreciados pelo público masculino.
- Mãe, você fica muito mais bonita de vestido... Mulher de calça não fica tão bem.
- Mãe, solta os cabelos que desse jeito não está muito bom.
Este tipo de dica é o que há de mais sóbrio em sua alcovitice. Ao sair de casa, se o pensamento não for desviado, ele já entra no elevador olhando para os lados. Caso um vizinho se atreva a descer com a gente e ele passe da minha altura, é encarado pelo pequeno menino e analisado de cima a baixo. E um sorriso no canto da boca e uma piscada de olho encerram a cena. Sozinhos novamente, ele me diz:
- Viu que bonitão? É maior que você!
Se o pobre do vizinho resolver trocar mais do que as duas palavras do praxe bom dia comigo, ai, ai... O menino usa a cabeça para fazer o afirmativo até descermos em passeio lento do sétimo andar até a portaria. Quando o rapaz sai de cena, ele fala.
- Hum... Tão querendo namorar, hein?
E diante da minha negativa, ele “entrunfa” e lamenta.
- Mãe, eu queria tanto que você tivesse um namorado.
- Mas, meu filho, tenha calma. As coisas não são assim. A gente não conhece as pessoas desta forma.
- E conhece de que jeito?
- De vários jeitos.
- Mãe, quer saber de uma coisa? Você não sabe nada de namorados.
- Por que, filhote? É claro que eu sei!
- Ah, se você soubesse, já tinha casado. Não sei o que faço contigo!
Sobre a propaganda, ele disse:
- Se fosse eu... Humpf! Ainda bem que eu não como margarina.
Neste final de semana, quando anunciei que tinha um re-namorado, ele fez “iupi” e concluiu:
- Ainda bem! Pensei que no final ia ter que ficar com você para que não ficasse sozinha. Ufa!
Este é o meu menino, que faz bravata com meu estado civil, é leitor de conto de fadas, pregador de Santo Antônio, consumidor de propaganda de sabão em pó, alcoviteiro sem preguiça e admirador de números pares.
Fiquei pensando que Tomás praticamente só vê a tia Deire (que pode não ter um par porque é viúva - já teve o seu, mas, pobre, Deus o levou -rs) de jeans.
Cá em casa não tenho alcoviteiro dessa qualidade, mas tenho um menor de idade - que se enquadra bem no que chamam de pré-adolescente - que também é consumidor da antiga marca de margarina. O que, é preciso confessar, me dá uma certa aflição, às vezes. Sempre desejei que não fosse por ele nem por mim, mas por nós. Bjo!
Quando pequena, brinquei de bonecas e de casinha sem saber do futuro. Treinei direitinho, mas depois o treino não me serviu para muito. Me tornei mais do que esperava. De filha e irmã, ampliei o leque para jornalista, mãe, artesã, amiga, ex. No desafio de ser, tenho que usar todos os dias muita paciência, persistência e sobretudo, amor. Na nova família, somos mais do que pensávamos, temos mais do que tínhamos anteriormente.
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Tem certeza que o Tomás não é aquariano ?
ResponderExcluirP.S. Vou usar mais vestidos...rsrs
Uai, você já não tem um namorado?
ResponderExcluirO Tomás me paga, guri bandoleiro de uma figa.
Olha aqui seu namorado.
Beijos minha NAMORADINHA.
Fiquei pensando que Tomás praticamente só vê a tia Deire (que pode não ter um par porque é viúva - já teve o seu, mas, pobre, Deus o levou -rs) de jeans.
ResponderExcluirCá em casa não tenho alcoviteiro dessa qualidade, mas tenho um menor de idade - que se enquadra bem no que chamam de pré-adolescente - que também é consumidor da antiga marca de margarina. O que, é preciso confessar, me dá uma certa aflição, às vezes. Sempre desejei que não fosse por ele nem por mim, mas por nós.
Bjo!
Boa demais a propaganda. E bom demais saber das novidades...:)
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