sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Gentileza III


Para terminar a minha semana de reflexões dedicada a gentilezas, vou falar uma coleção preciosa, que só uso em grandes momentos como se faz com jóias de família. É uma coleção de gentilezas que guardo para aqueles momentos em que ficamos meio borocoxô e não se reconhece muito o valor que se tem. Daí, eu fecho os olhos bem apertados, respiro fundo e deixo vir um destes instantes tão poderosos que me fazem sentir algo tão bom, tão bom, que só mesmo uma gentileza é capaz. Alguns destes momentos, eu vou catalogar para não perder a minha mania de lista, mas não necessariamente estão organizados assim ou citados aqui:
- A primeira volta de bicicleta no Clube de Engenharia, com meu pai me seguindo e me apoiando antes das quedas;
- As mãos da minha prima Ana Cristina me segurando, no rio, para me ensinar a nadar, sem desanimar com o meu desajeito;
- Um vestido branco, encomendado por minha mãe, com uma renda branca na gola para o meu aniversário de seis anos. Foi a roupa mais bonita que eu já tive;
- Os biscoitos fritos da minha avó Ana, no final da tarde, no último dia de férias, todos os anos antes da sua partida;
- A colcha bordada de tulipas com ramos enormes pela minha tia Maria, de um ano para o outro, presente perfeito;
- As cartas da minha madrinha, com selos de diferentes lugares do mundo, mas com o carinho e sabedoria de sempre;
- As trocas e os empréstimos de roupas entre eu e a Carolina, na adolescência. Ela, sempre mais antenada do que eu, me vestia com muito dom;
- As ligações, que não falham nunca, vindas de Brasília da minha amiga Indira;
- As muitas caronas para levar meu pai ao médico ou socorre-lo em momentos de crise. Gente que não tem o nosso sangue, mas tem algo maior conosco;
- Os longos cafés com minha amiga Deire, nos anos bem passados;
- Uma cantoria linda, na minha janela, quando eu fiz uns 20 anos. Amigos afinados e perfeitos em guardar segredo, escolher repertório e me deixar corada;
- Dois convites para ser madrinha. Primeiro do Vinícius e depois da Dri;
- Dois outros convites para ser madrinha de casamentos importantes e únicos;
- Os copos d´água que minha secretária Annielly colocava na mesa para que eu não desidratasse na gravidez;
- O empenho de dois amigos para fazer uma faxina antes da minha mudança, enquanto eu fiquei sentada feito uma pachá, com a desculpa da gravidez;
- A minha médica me ameaçando ligar para minha mãe caso eu não engordasse um quilo no mês seguinte, no meu pré-natal;
- O chá de casa nova “surpresa” organizado por amigas empenhadas e carinhosas;
- A correria da minha irmã para embalar de última hora as lembrancinhas de nascimento do meu filho e comprar roupas que vestissem seus 2,6 quilos;
- Todos os convites das festas do Tomás, feitos por mãos habilidosas de amigas tão queridas. E as ajudas que recebi para organizar as festas, do primeiro ao mais recente;
- As muitas mãos firmes que me ampararam no dia que meu pai se foi;
- A bandeja cheia de copinhos descartáveis com gelatina colorida que a Marta prepara toda vez que meu filho vai ficar na sua casa;
- As duas primeiras viagens que fiz com a Carlinha e o Pedro para Brasília, no banco de carona, aprendendo a viver;
- O copo de chá, em cima da bancada, toda vez que meu filho chega na casa da minha mãe;
- Os desenhos e pinturas do Tomás que enfeitam minhas paredes e minhas gavetas;
- Os encontros de amigas do dia 10.
Não sei se eu merecia tanto, mas dou a estes e outros momentos e fatos da minha vida um valor imensurável. Sou grata a estas pessoas, próximas ou distantes, por me ensinarem o valor da gentileza, de gestos pequenos e grandiosos que me fazem até hoje sorrir.

4 comentários:

  1. Lú, você é a mãe das gentilezas, dos mimos e dos cuidados.
    Reconheço em você uma pessoa merecedora de todo carinho e afeto possíveis.
    Abraço

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  2. Sabe o que acontece? Gentileza gera mesmo gentileza, mesmo. E você, certamente, é a pessoa mais gentil que conheço. Por isso ainda quero participar de muitos loooooongos cafés no presente e no futuro também.

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  3. Lu, ler tudo isso é fazer um exercício pra tentar descobrir se a gente está sendo gentil com o outro. E isso nos torna melhores, não é? beijo!

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  4. Luisa,

    Você é uma amiga muito especial!
    Beijos,

    Indira.

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