No dicionário: que não pode; fraco, débil. No coração: é aperto sem tamanho, lágrimas quentes no rosto, mãos atadas sem assim estarem. Há, com certeza, um grupo no mundo que se sente mais impotente do que o restante da humanidade. Este grupo é formado por mães, de todas as nacionalidades, tipos, pesos, religiões, mas todas com a mesma sensação diante dos seus filhos. A sensação de que não vão conseguir dar um passo adiante, uma resposta, uma solução para o que aflige a alma dos seus pequenos. A impotência dói muito na gente e em quem a gente ama e talvez devesse entrar na lista do pior que existe no mundo.
Eu me sinto assim toda vez que me deparo com a incerteza do futuro, com fórmulas que não dão certo, com dias cinza entre eu e o meu filhote. E, nestes dias e nestas noites, em que o sono some junto com o sorriso, com a paciência, com a serenidade, eu sempre acho que fiz tudo errado, que escolhi tudo errado e que não terá nada capaz de corrigir o estrago já feito. E penso que ele não será elegante, independente, generoso e, o pior de todos os anseios, não será capaz de ser feliz.
É... Eu me sinto impotente e dói me sentir assim. E diante da impotência, que ninguém é capaz de compreender ou dividir, eu fico quase prostrada: eu e eu com minha dor. Até que um moleque de cinco anos passa feito um vento no meio da sala, fala algumas palavras no meu ouvido e segue gargalhando ao encontro dos seus brinquedos favoritos é que me dou conta que o tempo ainda é generoso comigo, que eu ainda posso ensiná-lo o que ele não aprendeu e que eu ainda posso aprender com ele o que todas as crianças sabem desde sempre: que as coisas podem ser mais fáceis, porque não somos tão fracos assim. Aliás, não existe fortaleza maior do que a da maternidade. Pena que memória de mãe, de tão gasta, às vezes, é curta.
* Pintura de Picasso representando a maternidade.
tenho medo da imutabilidade das coisas. e quantas coisas são imutáveis nesse nosso mundo...
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