O que fazer com as propagandas que assombram os nossos filhos? Diariamente, acompanho o jornal com o Tomás a tiracolo, jogando xadrez no chão da sala ou me empurrando do sofá para ver se desisto da programação. Em outros momentos, é ele quem assiste aos desenhos, enquanto eu me dedico a espiar o conteúdo e a me divertirem alguns casos (ainda adoro os Flinstones). Mas o momento mais difícil do conteúdo é o da publicidade. O Boston Medical Group com o seu “Sexo é vida” é a fichinha mais simples que tenho que preencher da nossa televisão aberta. Dá uma vontade de ficar fora do ar.
Tenho que dançar o “ilariê” para desviar a atenção do moleque quando as “boazudas” desfilam suas formas na televisão, ou quando machos trogloditas ensinam o que não se deve fazer em um relacionamento ou ainda quando adolescentes (ou seriam crianças? Nunca sei ao certo!) desenvolvem artimanhas sem caráter para conseguir os seus objetivos consumistas. Nestes momentos, queria ter a opção de ser mais radical e abolir a televisão da minha casa. Mas a falta de tempo nos torna refém desta seqüestradora de bons hábitos. É porque na correria do dia-a-dia, é invencível um pedido dele de ver televisão enquanto eu faço os trabalhos de casa. Não sei se justifica, mas é mesmo um mal inevitável. Quando tenho tempo, escuto música, conto história, invento arte, mas quando não tenho...
O fato é que há um limite nas relações do pequeno com a televisão. Existem horários pré-determinados para assistir aos desenhos e no meio deles, intervalo e muitas propagandas. Quando estou junto, explico as dúvidas, faço críticas, avalio o conteúdo. Às vezes ignoro e danço mesmo o “ilariê”. Mas ele vê e guarda o conteúdo, que se reflete depois em alguns diálogos. Esta semana, sentados no sofá, ele começa a imitar uma das que mais rodam em dias que antecedem a Copa:
- Mãe, você já viu uma propaganda que o cara atende o celular e fala com a mulher que “não vai agora não”?
- Sei. Já vi sim.
- Quando eu casar com “você sabe quem”, eu vou fazer assim... “S... eu estou aqui na casa do Mateusão, tô jogando um poquerzão, tô tomando um cocão (ele falou outra coisa, mas eu corrigi na hora)....
Momento de suspense. Ai, meu Deus, a propaganda colocou o meu projeto de cavalheiro a perder.
- E tô indo agorinha, amorzinho da minha vida! Mãe, como é que esse cara trata a mulher dele desse jeito?
Projeto de cavalheiro salvo e bem guardado, apesar de uma televisão que insiste em ser machista e preconceituosa. Sei que existe a parte 2 da propaganda, revanchista e fútil. Acho que com a nossa criatividade podemos bem mais... E as mães dos projetos de homem do futuro agradecem a quem se habilitar.
Amando a humanidade
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Acho que ser homem, pai, marido, adulto do sexo masculino já foi mais
fácil, mas não tinha graça. Confinados em seus clubes, escritórios, saunas,
bordéis,...
Há 9 anos
Luísa,
ResponderExcluirSe a tv é um mal necessário, ainda bem que existem mães como vc, que acompanham e aproveitam o grotesco da tv pra melhorar ainda mais a educação de seus filhos.