segunda-feira, 17 de maio de 2010

Triunfo brasileiro vale mais que uma Copa


A nação brasileira acordou hoje vencedora... E não tem nada a ver com a Copa. O Brasil celebou o acordo assinado pelo Irã, nesta segunda-feira, sobre o seu programa nuclear. Para chegar a este resultado, o presidente Lula arriscou sua fama internacional, jogou todas as suas cartas e ouviu de muitos, inclusive brasileiros, que ele estava brincando de "missão impossível". A "missão impossível" foi concluída pela diplomacia brasileira de forma diferenciada, ouvindo a outra parte, compreendendo e renovando o diálogo  com o Oriente Médio. Mostramos ao mundo que não somos um País que só sabe jogar bola e sambar. Somos bons nisso e em muita mais... O Brasil é o País deste século e que se d# os céticos! Segue belíssimo texto do Emir Sader sobre o tema.

Viva o Brasil! Viva nossa política externa soberana e independente!

(Emir Sader, em http://www.cartamaior.com.br/templates/postMostrar.cfm?blog_id=1&post_id=470&msg=Coment%26aacute%3Brio%20enviado%20com%20sucesso%21&CFID=19271290&CFTOKEN=9893af29389a482-A62C5983-F094-CDA3-17EBA5FC362724C5)



Corvos, urubus, tucanos, todos torcendo contra uma negociação pacífica do conflito em torno do Irã, porque é Lula quem conduziu essas negociações, o que fortaleceria ainda mais sua imagem. Enquanto que um eventual fracasso, mesmo que levasse a um novo conflito bélico de proporções, contanto que pudesse ser explorado internamente em termos eleitorais, favoreceria a oposição, nos seus mesquinhos e desesperados cálculos eleitorais.

Não importa o destino do Oriente Médio, do mundo, contanto que Serra possa ter alguma esperança de se eleger. Eleger um candidato que disse que o Mercosul é uma “farsa”, que o Brasil fez “uma trapalhada” em Honduras, que o ingresso da Venezuela no Mercosul era “uma insensatez”, que “não convidaria o primeiro ministro do Irã para vir ao Brasil, nem iria ao Irã”.

Dane-se a paz no mundo, contanto que a candidata de Lula não siga sua curva ascendente, que a faz superar a seu candidato na pesquisa do Vox Populi. Dane-se a paz no Oriente Médio, contanto que se possa consignar alguma “gafe” de Lula na viagem ao Irã. Dane-se o mundo, contanto que os interesses da direita brasileira sejam preservados.

Essa visão estreita, provinciana, se choca abertamente com a importância do acordo conseguido e com suas repercussões internacionais. Ainda mais porque contradiz o ceticismo do governo norteamericano – Hillary mencionou o tamanho da montanha que Lula teria que escalar para conseguir o acordo e dos porta-vozes da militarização dos conflitos em escala mundial. Onde outros fracassaram ou apostaram que nem valia a pena buscar negociações, o Brasil triunfou.

O Brasil soube buscar aliados – Rússia, China, Turquia, França – para abrir um espaço de negociação política, que se revelou possível e correto. A posição brasileira de que os EUA – e outras potências – possuindo imensos arsenais nucleares, não tinham moral para buscar acordos que limitem a disseminação de armamento nuclear, abre caminho para outras iniciativas de paz.

Em Israel e na Palestina, Lula deixou claro que os EUA não são o bom negociador para a paz na região, tanto porque são parte integrante do conflito, ao definir a Israel como seu aliado estratégico, como porque fracassou ao longo do tempo, sem que se tenha obtido a concretização do acordo da ONU de garantir a existência de um Estado palestino nas mesmas condições do Estado israelense.

Faltava que a candidatura de Lula fosse lançada ao Prêmio Nobel da Paz, para que uma imensa grita se estendesse por aqui, para que esse merecido reconhecimento internacional não projetasse de vez o Brasil como um novo sujeito em negociações de paz, projetando-nos como país que contribui efetivamente para sairmos de um mundo unipolar, sob hegemonia imperial de uma única super potência e para a criação de um mundo multipolar.

Devemos sentir-nos orgulhosos da diplomacia brasileira e da política internacional do Brasil, da atuação de Lula e de Celso Amorim. Devemos lutar ainda mais para consolidar essas diretrizes da política exterior brasileira e contribuir para que ela não apenas prossiga, mas se estenda e ajude ainda mais a construir um mundo em que os conflitos não sejam mais objeto de intervenções militares, mas de negociações políticas, pacíficas, que respeitem o direito de todos, especialmente dos que, até aqui, foram oprimidos pelas potências que concentram os maiores arsenais do mundo e pretendem perpetuar seu domínio sobre uma ordem mundial injusta.

2 comentários:

  1. Luísa, perdão por contrariá-la, mas vejo isso de outra forma:
    Houve um retrocesso na diplomacia e política externa brasileira, durante todo o governo Lula: foi uma patacoada, após outra! A começar pelas mudanças no sistema de avaliação dos futuros diplomatas, dando-se maior valor à pendência política do candidato, que à sua formação. Além, de usar "2 pesos e 2 medidas" em relação a determinadas situações, como foi a recente visita ao ditador Fidel, enquanto um preso político morria de fome na cadeia.
    Louvável, que o nosso presidente tenha conseguido ser ouvido por um radical, como o presidente do Irã. Só não saberia avaliar a dimensão prática desse acordo.
    O que também preocupa é o sucesso da política externa de um país depender somente do carisma de seu governante...
    Cá pra nós: o texto do Emir, embora retumbante e bem escrito, é muito tendencioso!
    Que tal, então, em vez de lançar a candidatura de Lula ao Nobel, lançar no Vaticano, a candidatura a santo padroeiro do Brasil?!... (Perdão, perdão! Mas não me aguento com esse endeusamento todo!!)
    Da política à assuntos mais amenos:
    Quanto ao post que comentou,
    Luísa, a ideia das duas pias é bacana para o caso de famílias que necessitam compartilhar o banheiro, como é meu caso e o caso da Josi, que comentou pouco antes de você.
    O banquinho auxiliar pode ser usado pelo baixinho para alcançar a pia; facilita bastante e diminui a bagunça de molhadeza no chão.
    Agora, tem uns dias que inventam de comemorar, que são pra rir, mais do que o "dia da toalha"!

    (Tive dificuldade para encontrar seu e-mail. Que tal criar um, para receber mensagens do blog?...)

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  2. Thomas Friedman
    Do The New York Times


    Confesso que, quando vi pela primeira vez a foto de 17 de maio do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, com seu colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, com os braços levantados - depois de assinarem um suposto acordo para aplacar a crise em torno do programa de armas nucleares do Irã -, tudo o que pude pensar foi: existe coisa mais abominável do que ver democratas traírem outros democratas para um iraniano criminoso e ladrão de votos, que nega o Holocausto, apenas para provocar os Estados Unidos e mostrar que eles também podem jogar na mesa dos grandes poderosos? Não, mais abominável impossível.

    "Por anos, os países não alinhados e em desenvolvimento acusaram os Estados Unidos de cinicamente buscarem seus próprios interesses sem consideração pelos direitos humanos", observou Karim Sadjadpour, do instituto Carnegie Endowment. "À medida que Turquia e Brasil aspiram a jogar no palco global, irão enfrentar as mesmas críticas que antes distribuíam aos outros. A visita de Lula e Erdogan ao Irã ocorreu apenas alguns dias depois de o Irã ter executado cinco prisioneiros políticos torturados para confissões. Eles calorosamente abraçaram Ahmadinejad como seu irmão, mas não mencionaram uma única palavra sobre direitos humanos. Parece haver uma noção equivocada de que os palestinos são as únicas pessoas que buscam justiça no Oriente Médio e que, se você simplesmente invocar a causa deles, pode agradar a tipos como Ahmadinejad".

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