quinta-feira, 14 de maio de 2009

Presente de grego no Dia das Mães


“É um esforço para garantir a criação de indivíduos de valor, mentalmente sadios, que contribuam para o bem geral. Pessoas equilibradas, educadas, que consigam se manter. Quando pequeno, o filho precisa de atenção especial e exclusiva. É nesse período que se formam a base do que ele será, o caráter, os valores. Depois, é difícil consertar.”

“As mulheres que não conseguem o parto normal estão envolvidas com pequenas questões de ego.”

“Casamento é um degrau que a pessoa tem para caminhar para a frente. Quem opta por ficar sozinho não desenvolve aprendizados que o casamento dá.”


Estes são trechos da entrevista da ex-atriz e escritora Maria Mariana para a revista Época desta semana. Foi o presente do “Dia das Mães” para as leitoras da revista, imagino... Ela comenta na entrevista a sua grande experiência (4 filhos) sobre a maternidade e aproveita para divulgar o seu livro-fórmula “Confissões de uma Mãe”. Enfim, com a sua aprendizagem longa e seus filhos planejados, a atriz que já foi ícone de várias jovens ao lançar há mais de uma década o livro, a peça e o programa de televisão “Confissões de adolescente”, defende que mães devem se dedicar exclusivamente aos filhos para não criarem indivíduos sem valor, mentalmente doentes ou que não possam contribuir para o bem geral. Foi o que ela fez, há 10 anos, e já sabe de antemão que dará certo quando seus filhos se tornarem adultos.

Também diz que apenas o parto normal dá a dimensão verdadeira da maternidade e que as mães não amamentam porque estão envolvidas com questões do próprio ego. Fiquei pasma com a entrevista e, em um primeiro momento, muito irritada com a revista, com a entrevistada e com o seu livro que não li. Depois, li a entrevista de novo e me diverti com os comentários dos leitores. Virou uma briga sobre questão de gênero que não tem fim, mas continuei irritada.Vou explicar o motivo da minha irritação.

Quando eu não era mãe, achava um monte de coisas sobre a maternidade. Achava não, eu tinha certeza e sempre achei que determinadas mulheres não deviam ter filhos porque eram egoístas demais para isso. Quando eu, finalmente, tive um filho, “meu mundo caiu”. Defensora do parto normal, fui obrigada a fazer uma cesariana. Voltei ao trabalho quando ele fez 5 meses e, confesso, estava doida para voltar. Amamentei os 12 primeiros meses, mas parei porque senão ia sair voando com um peso bem abaixo do meu. Foi aí que entendi que nem sempre as coisas saem como planejamos e que para ser mãe era preciso, antes de tudo de amor, amor incondicional, capaz de enormes adaptações para mostrar aos filhos o que vale na vida, que precisamos de ajuda nesta tarefa, seja do pai, dos avós, dos amigos, e não há fórmulas.

Tenho muitas amigas-mães. Algumas amamentaram dois anos, outras nem por um mês. Cada uma é mãe de um jeito e nenhuma deixa de ter mérito por isso. A gente faz o que o nosso limite deixa. Conheço mães que estão o dia inteiro em casa por conta dos filhos, mas que sabem o valor de quem está de fora e vice-versa.Eu gostaria, como a atriz, de ter mais tempo de ficar em casa com o meu filhote, mas me equilibro bem na rotina de motorista-mãe, durmo menos para ficar mais com ele e ainda roubo um tempinho só para mim. E tenho algo precioso todos os dias quando chego do trabalho: a admiração do meu pequeno. Ele sabe o quanto vale aquele momento exato em que estamos juntos. Há pouco tempo, ele foi o meu porta-voz na busca por um emprego. Contou para o porteiro, para a balconista e para a professora que eu precisava de um. Sabe o valor do trabalho na nossa família.

Minha mãe trabalhou sempre e fez uma opção por não me amamentar mais de um mês. Opção estranha, mas que outra hora eu conto aqui... Ela não é menos mãe por este motivo. É uma super-mãe, que quer o melhor para mim sempre. Já a mãe da minha mãe criou oito filhos, seis homens e duas mulheres. Ela não trabalhava além do cuidado com os filhos e a casa. Sabe o que ensinou aos homens e às mulheres, que estudassem apesar das dificuldades, que fossem independentes, que seguissem os seus caminhos casados ou não, mas que fossem felizes. Como minha avó teve o dobro de filhos que a atriz, acredito que a sua experiência de mulher analfabeta que tirou os filhos da miséria para se tornarem cidadãos responsáveis e trabalhadores devia virar livro e ser lido por quem sabe o valor da tolerância quando o assunto é maternidade.

Um comentário:

  1. "Apanhar cueca suja que o marido deixa no chão
    é um aprendizado de paciência e dedicação."

    Eu parei de ler a entrevista nesse trecho. Dou conta não. Muita perda de tempo. E coitada da primeira filha dela, Clara, que nasceu de cesariana. Deve ser traumatizada pela decepção que a mãe sofreu.

    Fala sério! Entendi, agora, sua indignação.

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